O Governo do Estado está definindo o planejamento caso seja necessário decretar lockdown - bloqueio total das atividades - em municípios capixabas. Após mais um dia de aumento na ocupação dos leitos de UTI destinados aos pacientes de Covid-19, as estratégias já são debatidas, inclusive com setores produtivos da sociedade, para que a disseminação do coronavírus seja minimizada no Espírito Santo. A medida, no entanto, só será tomada com base científica, ou seja, dependerá dos resultados apontados pela matriz de risco estadual.
Lockdown não é uma decisão política, por isso não podemos afirmar que o Estado passará por isso. Não há nenhum município no Espírito Santo, hoje, classificado com risco extremo. Porém, se algum deles chegar, teremos que tomar providências mais rígidas em relação à circulação de pessoas e atividades econômicas, afirmou Tyago Hoffman, Secretário de Estado.
Instrumento fundamental para direcionar as decisões do governo, a matriz de risco classifica as cidades de acordo com o grau de risco de contaminação pelo coronavírus: risco baixo, moderado, alto e extremo. Para chegar aos dados, são considerados um conjunto de elementos, entre eles a taxa de circulação de pessoas, percentual de idosos, índice de habitantes infectados, e a ocupação de leitos existentes no combate à Covid-19. O cálculo matemático é utilizado em outros Estados brasileiros e tem a orientação do Ministério da Saúde.
Na última classificação, que está valendo desde o dia 24, seis municípios da Grande Vitória estão em risco alto. Outros cinco entram nessa classificação, chegando ao total de 11, que só terão lockdown se chegarem ao nível extremo. A cada semana os cálculos da matriz são refeitos e a classificação é alterada. Assim, se houver bloqueio total, a medida terá duração de pelo menos uma semana.
Existem medidas, que serão adotadas em cada município de acordo com a classificação de risco. Estamos detalhando as medidas do risco extremo, assim como fizemos para o risco alto, que são as adotadas na Capital, por exemplo. Não tem objetivo de alarmar, não temos data ou período de duração, mas não está descartado, explicou Hoffman.
O decreto de fechamento total deve ter restrições mais duras de pessoas. Por exemplo, será necessário ter autorização para circular. Também serão definidos quais tipos de setores econômicos funcionarão e em que dias. O secretário disse que o planejamento dessas medidas do governo precisam ser pactuadas com o setor produtivo e demais setores da sociedade.
Por isso é normal que existam conversas para mostrar o que está sendo imaginado e ouvir dos setores da sociedade sugestões para que o modelo seja aperfeiçoado, detalhou. Esse diálogo já havia sido publicado, inclusive, pela Coluna Vitor Vogas, de A Gazeta.
Um dos pesos nos cálculos da matriz é a taxa de ocupação de leitos hospitalares por pacientes com a forma mais grave da Covid-19. Atualmente ela flutua entre os 80% de ocupação dos leitos de UTI e enfermaria destinados aos pacientes com a doença. Se a taxa estadual chegar a 90%, provocará uma reação em cadeia da classificação dos municípios, quando muitos chegarão ao risco extremo.
Para não chegarmos a esse índice, há a necessidade do isolamento social, pois com 90% de ocupação possivelmente chegamos ao risco extremo nos municípios que estão no risco alto. Queremos evitar isso, afirmou Tyago Hoffman.
O esforço do governo vem sendo direcionado em abrir leitos para diminuir a taxa de ocupação e, consequentemente, dar margem de respiro ao sistema de saúde, evitando assim a necessidade de novas normas de fechamento. Na segunda-feira (25), um carregamento com 60 respiradores, comprados da Itália pelo Governo Estadual, passou a ser testado e instalado no Hospital Jayme dos Santos, na Serra, referência no tratamento em Covid-19. Desse modo, serão novos 60 leitos disponíveis até a próxima sexta-feira (29).
Isso tem que se somar a uma disciplina da sociedade. A matriz é o que vai indicar se devemos entrar com o lockdown e será ela que vai indicar se devemos sair, então o resto é por enquanto especulação. O governo não abre de mão de tomar medidas com base na matriz de risco, reforço o secretário.
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