A Grande Vitória registrou, no mês passado, a menor taxa de transmissão da Covid-19 desde o início da pandemia. O indicador, referente à semana epidemiológica de 18 de junho, foi de 0,47. Antes, o patamar mais baixo - 0,54 - havia sido observado na semana de 14 de agosto de 2020.
Pablo Lira, diretor de integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), afirma que o ideal é ter a taxa abaixo de 1 e, com o indicador menor que 0,5, o cenário é ainda melhor. A taxa de 0,47, explica ele, significa que, a cada 10 infectados, há um potencial de contaminação de outras quatro ou cinco pessoas. Quanto mais baixo o indicador, menor é o risco de contágio.
Os dados consolidados sobre a taxa de transmissão sempre são apresentados com uma diferença de duas a três semanas devido aos cálculos do modelo matemático adotado, que considera os casos ativos de Covid-19 e cujos registros podem ser feitos num lapso temporal de até 14 dias.
Desde meados de maio, a Grande Vitória tem registrado taxa abaixo de 1. "São cinco semanas seguidas. Pode haver uma oscilação nas próximas semanas, mas não vai passar de 1", projeta Pablo Lira.
Foi o que aconteceu com os municípios do interior. Em 11 de junho, a taxa era de 0,91, e uma semana depois estava em 1,03. Não chega a ser um aumento, segundo o diretor do IJSN, mas uma oscilação. A expectativa é que o indicador esteja menor nas próximas análises.
O resultado do interior somado ao da Grande Vitória coloca a taxa do Espírito Santo em 0,8, o que representa três semanas seguidas abaixo de 1.
Pablo Lira também celebra a redução nos indicadores de casos e mortes provocadas pela Covid-19. Ele aponta que desde a quarentena e a política de expansão de leitos implementadas em março, somadas à aplicação das vacinas, já são 15 semanas com tendência de queda no número de infectados e 13 no de óbitos. A média móvel de mortes no Estado passou de 75 em abril - a maior registrada ao longo de toda a pandemia - para 13,6 nesta sexta-feira (9). Na Grande Vitória, está em 4,9.
Contudo, mesmo diante de indicadores positivos, Pablo Lira ressalta que ainda não se pode descuidar dos protocolos de prevenção à Covid-19, como uso de máscaras e distanciamento social. Ele destaca ainda a importância das pessoas se vacinarem, caso já estejam aptas a receber o imunizante. O diretor do IJSN diz que preocupa o fato de uma parcela da população não tomar a segunda dose (D2), por exemplo.
"Por mais que o Espírito Santo esteja com a campanha de vacinação avançada, enquanto não avançarmos mais, não tivermos a vacinação mais consistente, as taxas de transmissão podem se alterar", argumenta. O Estado é o terceiro no país, conforme levantamento do consórcio de imprensa desta quinta-feira (8), que mais completou o esquema vacinal, alcançando 16,24% da população adulta com a D2 ou a dose única. A média nacional é de 13,9%.
Aumentar a cobertura vacinal tanto contribui para o Espírito Santo alcançar a imunidade coletiva quanto ajuda na prevenção a novas variantes. O governo estadual também tem reforçado a estratégia de testagem, que pode barrar a entrada de cepas como a delta, já identificada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Pablo Lira conta que o Estado apresenta uma taxa de 407 mil testes por 1 milhão de habitantes, enquanto no Brasil é de 253 mil - dados de quinta-feira.
Além de distribuir testes para as unidades de saúde municipais, agora a testagem também é realizada pelo governo em terminais de ônibus e aeroporto. Assim, afirma Pablo Lira, é possível monitorar, identificar e isolar casos positivos, evitando a circulação do vírus.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta