Em mais um dia de greve de servidores e professores na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o funcionamento do Restaurante Universitário (RU) foi interrompido nesta sexta-feira (19). Um vídeo que circula nas redes sociais (veja acima) mostra um grupo de pessoas, que seriam trabalhadores do RU, deixando o campus de Goiabeiras, em Vitória, pouco depois de ter chegado ao local.
É a segunda vez, nesta semana, que o restaurante deixa de funcionar. Na segunda-feira (15), quando teve início a paralisação dos professores, os portões do campus de Goiabeiras foram bloqueados pelo movimento grevista, o que teria impossibilitado a entrada dos funcionários. Depois de um acordo entre a Administração Central da Ufes e a Adoção dos Docentes da Ufes (Adufes), alguns acessos passaram a ser liberados, e o RU pôde reabrir.
Porém, nesta sexta (19), a Ufes divulgou, por meio de nota, que o funcionamento do RU teve de ser interrompido devido ao acúmulo de resíduos no local. A universidade afirma que isso poderia comprometer a qualidade das refeições, em caso de funcionamento. Como consequência, os trabalhadores deixaram o restaurante.
“[...] visto que a coleta de detritos provenientes do preparo dos alimentos, que é feita pela Prefeitura de Vitória, foi interrompida pelo município durante o fechamento dos acessos ao campus. Além disso, as equipes que atuam no restaurante manifestaram grande insatisfação quanto à submissão diária às condições e aos constrangimentos impostos pelos manifestantes, ao se dirigirem ao local de trabalho. A Administração Central destaca também que tem envidado todos os esforços para a manutenção das atividades no Restaurante Universitário de Goiabeiras, mesmo no grave cenário de fechamento do campus”, informou a Ufes, que afirmou ter fornecido marmitas para almoço no campus de Maruípe.
Em relação à interrupção da coleta divulgada pela Ufes, a Central de Serviços, da Prefeitura de Vitória, informa que realiza regularmente a coleta de resíduos do RU, mas, em virtude da greve dos servidores na universidade, os caminhões não tiveram acesso ao local por conta dos portões fechados. A secretaria municipal acrescenta que, após diálogo com os responsáveis pelo movimento grevista, a entrada dos veículos para a coleta foi autorizada nesta sexta-feira (19).
Segundo a Adufes, os professores encerraram a ocupação dos portões em Goiabeiras na última quarta-feira (17), após receberem uma notificação extrajudicial da universidade. De acordo com a associação, a atual ocupação na entrada do campus é de responsabilidade do movimento estudantil. O movimento grevista também afirma que a Ufes descumpriu o acordo para a manutenção e o funcionamento do RU.
“A Adufes se solidariza com o movimento estudantil diante da chantagem que está sofrendo por parte da Administração Central da Ufes, que suspendeu o almoço no Restaurante Universitário (RU) nesta sexta-feira (19). Não vai ter RU, mas vai ter macarronada em um almoço comunitário no Portão Norte do campus de Goiabeiras. Toda a comunidade universitária está convidada”, divulgou a Adufes, por meio de suas redes sociais.
O Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes) disse, por meio de nota, que não participou da deliberação ou da efetivação dos bloqueios dos portões da universidade, ocorridos entre os dias 15 e 19 de abril. "Entretanto, consideramos que essas mobilizações consistem no justo emprego de uma ferramenta histórica da classe trabalhadora para reivindicação de seus direitos", afirma o sindicato.
A reportagem também procurou pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), mas a demandas não foi respondida.
Além da paralisação na Ufes, os docentes e técnicos-administrativos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) também estão em greve, em busca de melhorias salariais e nas condições de trabalho. A mobilização é nacional e tem reivindicações dirigidas ao governo federal para melhorias nas carreiras da área de educação.
Os grevistas buscam por 22,71% de reajuste, dividido em três parcelas iguais em 2024, 2025 e 2026. Já o governo federal propõe reajuste zero para este ano, e dois reajustes de 4,5% em 2025 e 2026.
Outras exigências feitas pelos docentes é a equiparação dos benefícios e auxílios oferecidos ao Legislativo e Judiciário.
Segundo o Ifes, todos os campi da instituição estão em funcionamento. Entretanto, as aulas estão suspensas nos campi de Viana e Centro-Serrano, situado em Santa Maria de Jetibá. De acordo com a instituição, o polo de Viana tem 285 alunos e o Centro-Serrano conta com 423 matriculados, que estão sem aula por tempo indeterminado.
O texto foi atualizado com nota enviada pelo Sintufes.
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