Trabalhadores do setor de hotelaria que atuam nas plataformas de petróleo da Bacia de Campos, entre a Região Sul do Espírito Santo e Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, estão em greve reivindicando, entre outros pontos, aumento salarial, vale-alimentação, mais segurança durante a jornada de trabalho, melhorias na alimentação embarcada e fim do assédio moral.
Os profissionais em greve são responsáveis pela limpeza, cozinha e acomodações nas plataformas. Com a paralisação, iniciada na última segunda-feira (9), parte desses serviços vem deixando de ser oferecida de forma regular, afetando a rotina nas embarcações em alto-mar.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria Embarcados nas Plataformas de Petróleo (Sinthop), a greve reivindica o cumprimento de convenções coletivas voltadas para o pagamento das diferenças salariais, dos recursos em atraso e das rescisões complementares previamente ajustadas com empresas responsáveis pela contratação dos profissionais, uma delas com sede no Espírito Santo.
“Queremos a criação de novo piso salarial nos novos contratos das empresas, vale-alimentação, melhores condições de trabalho e de saúde, com a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) quando os trabalhadores se acidentam. A categoria está no seu limite”, informou o Sinthop em comunicado compartilhado nas redes sociais.
O Sinthop diz que a recomendação aos grevistas é para que os serviços não sejam completamente paralisados. Em publicação nas redes sociais, o sindicato dá orientações aos profissionais da categoria quanto ao comportamento a ser adotado durante o período de paralisação. Aos chefes de cozinha e cozinheiros, por exemplo, é indicado que o cardápio não seja cumprido todos os dias. Para os ajudantes de cozinha, a ordem é para atrasar a produção de itens. Já os padeiros também têm orientação de reduzir o cardápio, enquanto saloneiros devem atrasar a reposição de itens no salão e a entrega nos pontos de lanche. Outros trabalhadores são orientados a atrasar a arrumação dos camarotes e a realização de limpeza nos corredores, além de retardar a lavagem dos uniformes.
Como consequência, nas redes sociais, surgem reclamações de trabalhadores quanto à alimentação servida nas plataformas nos últimos dias. Pratos, que normalmente são compostos por arroz, feijão, macarrão, salada e proteínas variadas, agora têm sido servidos apenas com arroz e um complemento, como feijão ou ovo cozido, como mostram as imagens compartilhadas abaixo.
Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), há cooperação entre os trabalhadores em busca dos direitos dos hoteleiros. De acordo com a categoria, ainda não foram relatados impactos na produção da bacia.
“O Sindipetro-ES já vem alertando e denunciando as várias irregularidades cometidas no contrato de alimentação e hotelaria das plataformas. Trabalhadores com salários rebaixados, descumprimentos na entrega dos alimentos, baixo estoque de alimentos, qualidade baixa e omissão da fiscalização. Temos registros de ofícios enviados pelo Sindipetro-ES de mais de um ano já e não conseguimos aceitar e entender a letargia para resolver definitivamente esse problema, que coloca sob pressão os trabalhadores e gera uma insatisfação desnecessária a bordo”, divulgou o sindicato capixaba.
Valsinio Hoffmann, coordenador do Sindipetro-ES, disse à reportagem de A Gazeta que a reclamação dos trabalhadores na Bacia de Campos em relação aos serviços de hotelaria prestados já se estende há, pelo menos, três anos.
“Não são trabalhadores que o Sindipetro-ES representa, mas estamos solidários e prestando todo o apoio possível. [...] Nós solicitamos, via ofício, o desembarque dos trabalhadores a bordo, pois já está ficando insustentável”, relata Hoffmann.
A empresa citada pelos grevistas, cuja sede fica em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, é responsável pelo contrato de parte dos trabalhadores que atuam na Bacia de Campos. Procurada pela reportagem de A Gazeta, a organização informou que não tem “nenhuma manifestação sobre o assunto” no momento.
A reportagem também procurou pela Petrobras, responsável pela gestão das embarcações e plataformas na Bacia de Campos, em busca de informações sobre impactos na produção e para saber sobre ações adotadas para sanar o problema apontado pelos trabalhadores. Segundo a empresa, todas as medidas necessárias para garantir a continuidade dos serviços de hotelaria a bordo das plataformas estão sendo tomadas.
Além disso, a Petrobras afirma que acompanha as negociações entre as empresas prestadoras de serviços, seus trabalhadores e sindicatos. “O sistema de gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobras norteia todas as ações da companhia e inclui medidas voltadas à promoção, à prevenção e à preservação da saúde integral, objetivando a qualidade de vida de nossos colaboradores. A Petrobras reforça que todos os seus contratos de serviço estão em conformidade com a legislação vigente”, divulgou a petroleira.
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