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Greve no setor de hotelaria afeta rotina em plataformas de petróleo no ES

Greve no setor de hotelaria afeta rotina em plataformas de petróleo no ES

Movimento grevista, iniciado na segunda-feira (9), compromete alimentação e organização interna das embarcações; trabalhadores buscam por melhorias salariais

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 17:06

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Plataforma de petróleo na Bacia de Campos
Plataforma de petróleo na Bacia de Campos. (Divulgação)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Trabalhadores do setor de hotelaria que atuam nas plataformas de petróleo da Bacia de Campos, entre a Região Sul do Espírito Santo e Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, estão em greve reivindicando, entre outros pontos, aumento salarial, vale-alimentação, mais segurança durante a jornada de trabalho, melhorias na alimentação embarcada e fim do assédio moral. 

Os profissionais em greve são responsáveis pela limpeza, cozinha e acomodações nas plataformas. Com a paralisação, iniciada na última segunda-feira (9), parte desses serviços vem deixando de ser oferecida de forma regular, afetando a rotina nas embarcações em alto-mar.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria Embarcados nas Plataformas de Petróleo (Sinthop), a greve reivindica o cumprimento de convenções coletivas voltadas para o pagamento das diferenças salariais, dos recursos em atraso e das rescisões complementares previamente ajustadas com empresas responsáveis pela contratação dos profissionais, uma delas com sede no Espírito Santo.

“Queremos a criação de novo piso salarial nos novos contratos das empresas, vale-alimentação, melhores condições de trabalho e de saúde, com a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) quando os trabalhadores se acidentam. A categoria está no seu limite”, informou o Sinthop em comunicado compartilhado nas redes sociais.

O Sinthop diz que a recomendação aos grevistas é para que os serviços não sejam completamente paralisados. Em publicação nas redes sociais, o sindicato dá orientações aos profissionais da categoria quanto ao comportamento a ser adotado durante o período de paralisação. Aos chefes de cozinha e cozinheiros, por exemplo, é indicado que o cardápio não seja cumprido todos os dias. Para os ajudantes de cozinha, a ordem é para atrasar a produção de itens. Já os padeiros também têm orientação de reduzir o cardápio, enquanto saloneiros devem atrasar a reposição de itens no salão e a entrega nos pontos de lanche. Outros trabalhadores são orientados a atrasar a arrumação dos camarotes e a realização de limpeza nos corredores, além de retardar a lavagem dos uniformes.

Como consequência, nas redes sociais, surgem reclamações de trabalhadores quanto à alimentação servida nas plataformas nos últimos dias. Pratos, que normalmente são compostos por arroz, feijão, macarrão, salada e proteínas variadas, agora têm sido servidos apenas com arroz e um complemento, como feijão ou ovo cozido, como mostram as imagens compartilhadas abaixo.

Alimentação não é servida de forma regular na Bacia de Campos
Trabalhadores compartilham imagens de alimentação servida nas plataformas durante período de greve dos hoteleiros. (Sindipetro-ES)

Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), há cooperação entre os trabalhadores em busca dos direitos dos hoteleiros. De acordo com a categoria, ainda não foram relatados impactos na produção da bacia.

“O Sindipetro-ES já vem alertando e denunciando as várias irregularidades cometidas no contrato de alimentação e hotelaria das plataformas. Trabalhadores com salários rebaixados, descumprimentos na entrega dos alimentos, baixo estoque de alimentos, qualidade baixa e omissão da fiscalização. Temos registros de ofícios enviados pelo Sindipetro-ES de mais de um ano já e não conseguimos aceitar e entender a letargia para resolver definitivamente esse problema, que coloca sob pressão os trabalhadores e gera uma insatisfação desnecessária a bordo”, divulgou o sindicato capixaba.

Valsinio Hoffmann, coordenador do Sindipetro-ES, disse à reportagem de A Gazeta que a reclamação dos trabalhadores na Bacia de Campos em relação aos serviços de hotelaria prestados já se estende há, pelo menos, três anos.

“Não são trabalhadores que o Sindipetro-ES representa, mas estamos solidários e prestando todo o apoio possível. [...] Nós solicitamos, via ofício, o desembarque dos trabalhadores a bordo, pois já está ficando insustentável”, relata Hoffmann.

O que diz a empresa?

A empresa citada pelos grevistas, cuja sede fica em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, é responsável pelo contrato de parte dos trabalhadores que atuam na Bacia de Campos. Procurada pela reportagem de A Gazeta, a organização informou que não tem “nenhuma manifestação sobre o assunto” no momento.

A reportagem também procurou pela Petrobras, responsável pela gestão das embarcações e plataformas na Bacia de Campos, em busca de informações sobre impactos na produção e para saber sobre ações adotadas para sanar o problema apontado pelos trabalhadores. Segundo a empresa, todas as medidas necessárias para garantir a continuidade dos serviços de hotelaria a bordo das plataformas estão sendo tomadas.

Além disso, a Petrobras afirma que acompanha as negociações entre as empresas prestadoras de serviços, seus trabalhadores e sindicatos. “O sistema de gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobras norteia todas as ações da companhia e inclui medidas voltadas à promoção, à prevenção e à preservação da saúde integral, objetivando a qualidade de vida de nossos colaboradores. A Petrobras reforça que todos os seus contratos de serviço estão em conformidade com a legislação vigente”, divulgou a petroleira.

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