Três dias depois de confirmar os primeiros casos de influenza aviária no Espírito Santo — situação inédita no Brasil — o governo do Estado identificou mais quatro aves com sintomas da doença no litoral e na região Norte. Elas são da espécie Thalasseus acuflavidus, conhecida como Trinta-réis-bando, mesmas das duas primeiras identificadas com o vírus, que tiveram a confirmação da contaminação na última segunda-feira (15) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). As quatro aves foram sacrificadas.
A terceira confirmada é uma ave migratória da espécie Sula leucogaster (atobá-pardo), que estava no Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos de Cariacica (Ipram) desde janeiro e foi infectada pelos dois trinta-réis-bando que chegaram ao Ipram. Os três ficaram debilitados e morreram dias depois da infecção.
Segundo o gerente de Defesa Sanitária do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Raoni Cipriano, as aves foram encontradas com sintomas da doença durante monitoramento das equipes do órgão, que tem sido intensificado depois da confirmação dos casos de gripe aviária no Estado.
Três delas estavam em áreas do litoral: em Itapemirim, no Sul do Estado; na Enseada do Suá, em Vitória; e em Regência, litoral de Linhares. A quarta foi encontrada em Nova Venécia, no Norte do Estado. Elas foram achadas vivas por equipe do monitoramento de praias e pela Polícia Ambiental, mas tiveram de ser sacrificadas devido à doença. Foram recolhidas amostras para serem enviadas para análise e confirmação da possível infecção pelo vírus H5N1. E a previsão é que o resultado saia no início da próxima semana.
"Dois foram encontrados na terça (16) à noite e dois na quarta-feira (17) e são da mesma espécie das que tiveram confirmação. Agora, as equipes estão buscando animais das proximidades dos locais onde foram encontradas para identificar se há outros com sintomas. As aves encontradas estavam apáticas, com falta de coordenação, sem sentido de direção e com respiração ofegante, sintomas típicos de gripe", detalha Raoni Cipriano.
Desde 2007, o setor de avicultura tem intensificado medidas de biossegurança para que as granjas não sejam atingidas pelo vírus H5N1. O cuidado é importante porque, caso o vírus chegue no aviário, pode dizimar uma granja inteira em poucos dias. Neste momento, a principal medida é o isolamento dos aviários, com rigoroso controle de acesso, de acordo com o diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand.
Diante dos casos confirmados e possíveis novos de influenza aviária no Espírito Santo, a recomendação da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) é expandir as barreiras sanitárias também para criadouros de subsistência, sendo necessário, neste momento, fazer o isolamento de todas as aves para que não sejam contaminadas por aves silvestres. A recomendação vale também para os criadores de animais de forma orgânica ou que criem aves soltas, segundo o secretário Enio Bergoli.
O subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Orlei Cardoso, detalhou que o paciente com suspeita da gripe aviária, de 61 anos e funcionário do parque conhecido como Fazendinha, em Jardim Camburi — onde uma das aves foi encontrada — já está sem sintomas. De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, está previsto que ele saia do isolamento nesta sexta-feira (19), 10 dias após o contato com a ave doente.
As outras 32 pessoas que trabalham no parque já foram liberadas do monitoramento e permanecem sem sintomas. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) coletou amostras de todos eles e o resultado dos testes deve sair no início da próxima semana.
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