A cidade de Aparecida, em São Paulo, recebeu uma visita peculiar no último domingo (20). Um grupo de 26 pessoas viajou montado em mulas e burros por quase 800 quilômetros de Venda Nova do Imigrante, Região Serrana do Espírito Santo, até a cidade paulista. Os cavaleiros levaram 24 dias percorrendo estradas dentro de fazendas do estado e também em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo até chegarem ao destino.
Em vídeos gravados durante o caminho, é possível ver que os cavaleiros passaram por cidades de interior, atravessaram rios e diferentes tipos de subidas e descidas. Quando chegaram a Aparecida, foram recepcionados com um carro de som e uma salva de palmas.
O grupo saiu da cidade capixaba no dia 27 de abril. E para poder embarcar na viagem, que é feita a cada dois anos, uma organização detalhada é preparada com todos os aventureiros para poderem curtir o passeio sem problemas e imprevistos.
Os animais e os cavaleiros precisam se preparar com um tempo de antecedência para conseguir encarar a estrada, já que, por dia, eles devem percorrer de seis a até nove horas sem parar.
Para poder embarcar nessa experiência, não é preciso ter nenhuma especialização, apenas disposição.
A organização da viagem começa até mesmo no bolso, porque o passeio custa em torno de R$ 7 mil por pessoa. Justamente por ser uma viagem cara e com tantos detalhes, ela é feita a cada dois anos e está em sua sexta edição.
Antes mesmo do início da aventura, um treinamento com os animais escolhidos para a aventura é feito para que os cavaleiros se adaptem ao tempo em que passarão na estrada. Primeiro, são 30 minutos por dia e o tempo vai aumentando até a aproximação da data de embarque.
O trajeto realizado pelo grupo é pensado de uma forma que seja confortável principalmente para os animais. Por conta disso, as estradas de asfalto e vias mais movimentadas são evitadas.
Os cavaleiros passam por áreas rurais e fazendas durante a maior parte dos 783 quilômetros percorridos entre Venda Nova e Aparecida.
Para tentar aliviar o esforço, cada pessoa sai com dois animais, e reveza o período montado neles durante o trajeto. Os escolhidos para a viagem são sempre mulas e burros, por serem animais mais resistentes.
Durante toda a viagem, a maior preocupação é com os animais. Por isso, equipes veterinárias e dois carros de apoio acompanham o grupo, andam com remédios e ficam atentos a possíveis desgastes dos animais.
Enquanto o grupo vai curtindo a beleza do passeio, outra equipe de 40 pessoas, com cozinheiros e veterinários, se adianta e vai até as paradas pré-estabelecidas em caminhões, bem antes dos viajantes, para quando os cavaleiros chegarem, a estrutura de apoio e, principalmente, a comida, já estejam prontas.
São 23 paradas até Aparecida. Na maioria das vezes, o grupo acampa em propriedades rurais cedidas por fazendeiros.
Johny Salvador, de 36 anos, foi um dos cavaleiros que encarou a aventura na viagem deste ano. O encarregado de transportes sempre sonhava em fazer o passeio, mas não tinha conseguido se organizar.
Para ele, a viagem começou ainda mais cedo. O morador de Domingos Martins, também na Região Serrana do estado, teve que sair um dia antes de casa para chegar até o ponto de partida.
O amor aos animais foi um incentivo a mais para poder topar a experiência.
Johny viajou com o tio e um primo, e disse que várias outras pessoas também estavam embarcando na viagem pela primeira vez.
Ao longo desses 24 dias, o cavaleiro relembrou de alguns perrengues e situações vivenciadas, mas garantiu que tudo valeu a pena.
"Tem dia que 3h a gente já estava na estrada, para evitar o sol forte, já que estava muito calor. Ficamos sem internet só um dia. Passamos frio, mas eu levei roupas térmicas para aguentar calor e frio. Senti dor durante a cavalgada e, nos primeiros dias, fui a base de realxante muscular, mas depois o corpo acaba acostumando", relatou.
Já de volta a sua cidade natal, o cavaleiro já pensa em ir novamente na viagem e aconselha a experiência.
*Com informações da repórter Viviane Lopes, do g1 ES
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