Desde o dia 30 de outubro de 2020 a família de Ricardo Portugal Moura Guedes aguarda por respostas para a explosão do Jeep Compass, ocorrida na Avenida Adalberto Simão Nader, em Vitória, que resultou na morte do empresário. Há um ano e seis meses, ainda não se sabe o que ocorreu com o veículo dirigido por Ricardo, que na ocasião tinha 38 anos.
As respostas que a viúva da vítima e os demais familiares esperam ter podem estar contidas no laudo da perícia feita pelo Corpo de Bombeiros no que restou do Jeep Compass. O documento, segundo a própria assessoria da corporação, já foi remetido à Polícia Civil, que é a responsável pela investigação do caso por meio da Delegacia de Delitos de Trânsito.
Ocorre que o inquérito foi colocado em sigilo. Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Civil não detalha o conteúdo pericial confeccionado pelo Departamento de Investigação, Pesquisa e Prevenção de Incêndios do Corpo de Bombeiros.
A Polícia Civil, por meio da assessoria, limitou-se a dizer que "informações sobre o andamento da investigação não serão divulgadas neste momento, uma vez que o inquérito policial ainda está em andamento e tem caráter sigiloso".
Nas poucas informações disponibilizadas no site do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), consta que a investigação trata a explosão como "crimes contra a incolumidade pública", que significa evitar o perigo ou risco coletivo, tendo relação direta com a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens diante de situações que possam causar ameaça de danos.
Para traduzir o que trata a "incolumidade pública", a reportagem procurou a advogada Júlia Pimentel, especialista na área criminal. Ela explicou que, trazendo para o caso em si, é como se a explosão do Compass também oferecesse algum tipo de risco à pessoas, comércios, outros veículos e imóveis próximos ao local onde a mesma ocorreu, além de vitimar o empresário que dirigia o utilitário. Desta forma, a investigação caminha para identificar a natureza da explosão.
Assim que o combate às chamas foi encerrado no Compass, os trabalhos periciais foram iniciados. De imediato, a possibilidade de explosão de um eventual cilindro a gás foi descartado visto que o utilitário não era movido a este combustível. Começava, entretanto, uma apuração, que se arrasta até a presente data e que ainda não indicou o que ocorreu na fatídica data de 30 de outubro de 2020.
Nesse meio tempo, a Justiça indeferiu uma solicitação feita pela Fiat Chrysler Automóveis do Brasil, responsável pela marca Jeep, que queria indicar um assistente técnico para o acompanhamento da perícia no Compass. Contudo, posteriormente, a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, permitiu que a empresa acompanhasse os trabalhos sem interferir no andamento da perícia.
Passados 45 dias do incidente, a Polícia Federal chegou a auxiliar nos trabalhos periciais no intuito de encontrar vestígios de materiais que pudessem ter provocado a explosão seguida do incêndio que destruiu completamente o veículo. Quando o incidente completou 1 ano, a PF, procurada pela reportagem, explicou, em nota, que avaliou a ocorrência baseada nos relatos e fotos feitas pelo perito e orientou como efetuar coleta de possíveis vestígios para busca de materiais químicos no local.
"Após a coleta, encaminhamos o material para o Instituto Nacional de Criminalística para análise e busca por resíduos de substâncias químicas possivelmente relacionados ao fato. As análises realizadas não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós-explosão", detalhou.
Conforme informado pela própria PF, o combate ao incêndio pode ter interferido nos vestígios do acidente, já que estes acabaram sendo "lavados" pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado.
Na época, por conta da complexidade do caso, a Polícia Civil do Espírito solicitou à Justiça a prorrogação do prazo para a conclusão da perícia, o que ocorreu em algumas oportunidades nestes quase dois anos do ocorrido. Ainda assim, até o presente momento, o conteúdo da investigação e as causas da explosão são desconhecidas.
Procurada pela reportagem em ocasiões anteriores, a empresa responsável pela fabricação do carro Jeep Compass, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) disse apenas que "aguardava o encerramento do inquérito", o que ainda não aconteceu.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta