A terra tremeu para alguns capixabas. Foi pouco, mas o suficiente para assustar os moradores do distrito de Lajinha, no interior da cidade de Pancas, no Noroeste do Espírito Santo. O tremor de 1,3 grau na escala Richter – pequeno, na avaliação de especialistas em geologia – foi registrado um pouco depois das 7h30 desta quarta-feira (12). Segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), que registrou o fenômeno, a situação foi motivada por um abalo sísmico registrado na cidade de Águia Branca, vizinha a Pancas.
Devido ao estrondo provocado, algumas pessoas chegaram a pensar se tratar de implosão de rochas ou desplacamento de pedras, comum na região – onde a exploração de mármore e granito é intensa.
A resposta para esta pergunta é não, visto que a ocorrência dos abalos é imprevisível. De fato, no Espírito Santo não é comum registrar abalos do tipo, mas eles também não são raros. A maior parte deles acontece sem ser percebido ou cause algum tipo de ação secundária. Quem garante isso é a doutora em Geologia, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, Luiza Bricalli.
Segundo ela, os terremotos acontecem devido à movimentação das placas tectônicas, que são os grandes blocos rochosos que se deslocam além das grandes falhas geológicas, que, na verdade, são rachaduras da crosta terrestre que podem também se movimentar e gerar o tremor.
"Em Pancas, especificamente, há uma concentração grande de falhas geológicas que passa por aquela região. Exatamente ali ocorreu o terremoto porque houve uma movimentação constante delas. É uma área onde possivelmente venha a ocorrer novamente, como já aconteceu em anos anteriores. Eles podem ocorre de novo sim, já temos mais de 40 terremotos catalogados no Estado do Espírito Santo e podem ocorrer a qualquer momento, mas as magnitudes são baixas. O risco para a população e danos materiais é baixíssimo", explicou a especialista.
A geóloga justifica esta pequena possibilidade pelo fato de o Estado estar bem afastado das grandes falhas geológicas. Além disso, o Brasil está centralizado sobre a placa tectônica sul-americana, que possui cerca de 32 milhões de quilômetros quadrados. O território brasileiro está localizado no centro da mesma, onde a espessura é de 200 quilômetros. Por esse motivo o país é pouco afetado por terremotos e também vulcões.
No ano passado, quando a terra tremeu em Vitória com magnitude de 1,9 grau, especialistas ouvidos pela reportagem fizeram questão de tranquilizar os capixabas em relação à possibilidade de tremores maiores por aqui. Um deles foi o professor e especialista em abalos sísmicos, George Sand Leão Araújo, do Observatório Sismológico da UnB, em Brasília, que fez a detecção do fenômeno em Pancas.
"A ciência não consegue estimar o tamanho da possibilidade. Pode acontecer daqui a mil anos ou amanhã. É normal? Nunca é. Mas temos atividades que acontecem devido às chamadas 'regiões de fraqueza' no Brasil, que são fraturas na terra que sofrem pressão", enfatizou o especialista.
A própria doutora em Geologia da Ufes também explicou o fenômeno ocorrido no ano passado e que também a entender melhor este universo dos tremores que ocorrem no Estado.
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