Acusado de ser o mandante da morte da médica Milena Gottardi, o ex-policial e ex-marido da vítima, Hilário Frasson, negou qualquer envolvimento com o crime em depoimento neste sábado (28), sexto dia de julgamento dos seis réus pelo assassinato. Ele admitiu, porém, que, conforme apontou a investigação Polícia Civil, entrou em contato com uma garota de programa poucos dias após a morte de Milena.
Segundo Hilário, isso aconteceu em um momento de fraqueza e que ele estava desnorteado. Ele afirmou, porém, que não concretizou o ato. Acompanhe o júri em tempo real aqui.
"Dias após o ocorrido, tentando digerir tudo o que aconteceu, e na companhia de uma pessoa amiga, que me estimulou a procurar a companhia de outra pessoa. E, num momento em que estava extremamente desnorteado, de extrema fraqueza, eu procurei", relatou.
Hilário também falou sobre a pesquisa por conteúdos pornográficos na internet, também apontada pela polícia, dias após o crime. Ele negou que tenha feito intencionalmente qualquer pesquisa do gênero.
"Eu participava de diversos grupos, com pessoas de idades diversas. Sou analfabeto digital. Sempre abria todas as mensagens e em algumas destas, acabei clicando em algum link. Não fiz pesquisa pornográfica. Não fiz e não faria, principalmente naquele momento".
Em vários momentos do depoimento Hilário chora, sobretudo quando fala sobre a saudade de Milena e do convívio com as filhas. Chorando, ele declarou:
"É tudo muito sofrido, a dor é doída demais, muito forte, é incalculável pela perda da minha minha saudosa esposa Milena. É inimaginável. uma dor que vai aumentando quando me vem, todas os os dias, a memória das nossas anjinhas, filhas, das quais eu estou temporariamente afastado fisicamente", disse.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
Os dois primeiros suspeitos foram presos, no dia 16 de setembro de 2017: Dionathas Alves Vieira, que confessou ter atirado contra a médica para receber R$ 2 mil; e Bruno Rodrigues Broeto, acusado de roubar a moto usada no crime. O veículo foi apreendido em um sítio, onde foram queimadas as roupas do executor.
Em 21 de setembro de 2017, o sogro de Milena, Esperidião Carlos Frasson, foi preso, suspeito de ser o mandante do crime. Também foi detido o lavrador Valcir da Silva Dias, suspeito de ser o intermediário. Na mesma data, o ex-marido Hilário Frasson foi preso.
O último a ser detido foi Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, em 25 de setembro de 2017, apontado como intermediário. Ele tinha fugido para o interior de Aimorés, em Minas Gerais.
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