O assassinato da médica Milena Gottardi estava sendo programado para acontecer no município da Serra, mas foi antecipado pelo ex-marido da vítima, Hilário Frasson, porque ele “não aguentava mais olhar na cara da mulher”. O relato foi feito pelo executor do crime, Dionathas Alves Vieira, em depoimento na tarde desta sexta-feira (27), quinto dia de julgamento dos acusados pelo crime.
“Valcir disse que tinha que fazer logo porque o cara (Hilário) não queria esperar muito. Dizia que tudo o que ele já tinha feito por ela, não justificava ela se separar dele”, contou. Acompanhe o júri em tempo real aqui.
De acordo com Dionathas, Hilário tinha combinado anteriormente que o crime era para ser feito na Serra. “Ele disse que lá tinha amigos e que seria mais fácil para resolver os problemas, que tudo seria resolvido”.
Ao ser questionado por um promotor sobre o fato de que ele havia citado, em depoimento anterior à Justiça, que havia o envolvimento de um magistrado, Dionathas disse que confirmava o depoimento, ao se referir à informação de que Hilário tinha um "juiz amigo na Serra”.
Hilário decidiu mata Milena, segundo Dionathas, por causa da separação. “Ele (Hilário) disse que não conseguia mais olhar na cara dela, porque ela tinha chutado a bunda dele. Pelo que consegui entender, pelas conversas deles, Hilário tinha ajudado a mulher (Milena) na faculdade, a viajar, morar em outro lugar para concluir a faculdade e, logo após ela voltar, não sei quanto tempo depois, eles se separaram. Foi aí que a raiva dele aumentou, porque eles (Hilário e Esperidião) ajudaram a mulher (Milena) a ser o que era”, contou.
O planejamento para que o crime fosse feito na Serra foi modificado. “Hilário ligou para Valcir, disse que não aguentava mais, que era a hora, que tinha que resolver o mais rápido possível. Nesta ocasião fui empurrando com a barriga, mas Hilário falou que tinha que ser feito onde ocorreu (Hucam)”, explicou Dionathas.
Executor confesso de Milena, Dionathas fez um desabafo durante seu interrogatório. Após os questionamentos iniciais do juiz, ele pediu ao magistrado para poder falar e, chorando, pediu perdão para a família de Milena.
"Que Deus dê força para a mãe, para o irmão da Milena e para as duas princesinhas", declarou. Com desespero, Dionathas ainda se questionou: "Fico pensando, como tive coragem? Como Hilário (Frasson, ex-marido da vítima) teve coragem?".
"Hoje sei como estão sentindo falta da mãe. Tinha um bom tempo que não via meu filho lá no CDP. Quando pedi a minha mãe para levá-lo falei que estava com saudade, não aguentava ficar longe dele. Quando ele me viu, era branquinho, ficou todo vermelho e começou a chorar, e logo imaginei as filhas da Milena, o que elas estão passando, como estão vivendo, dormindo, peço muito perdão, pelo amor de Deus, não sei como falar", disse chorando.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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