Em um dos depoimentos mais aguardados do caso Milena Gottardi, o irmão da vítima, Douglas Gottardi, inaugurou o quarto dia do julgamento do feminicídio falando das características de Hilário Frasson, marido da irmã e acusado de ser o mandante do crime.
No relato ao juiz, na manhã desta quinta-feira (26), a testemunha afirma que o cunhado clonou o celular da médica durante o processo de separação. "Ele estava muito nervoso, oprimindo ela", conta. Quando Milena saiu de casa, Douglas diz que Hilário ligou mais de dez vezes para toda a família.
Segundo Douglas, o pai de Hilário, suspeito de ser mandante do assassinato, também não aceitava a separação. "Esperidião dizia como ia andar na rua sabendo que Milena tinha pedido a separação. A Cleonir (sogra) foi atrás da Milena cobrar que ela voltasse para o Hilário", destaca.
Douglas iniciou o depoimento falando que existiam dois Hilários, um que era legal com as pessoas na rua e outro que era agressivo com a família dentro de casa. Ele também afirma que o cunhado cuidava das filhas, mas sempre com muito rigor, sendo pouco mais agressivo com uma delas.
Ele disse que na primeira vez que Milena tentou se separar de Hilário foi um dia após o suspeito ter bebido muito numa festa. O episódio ocorreu logo no início do casamento deles. A segunda vez que Milena pediu ao marido para sair de casa também foi após momentos envolvendo bebida. Sogro e sogra de Milena mais uma vez intervieram na situação, de acordo com o irmão da médica, levando promessas de Hilário. "Ele chegou a fazer tratamento, mas não continuava."
Na última separação, pouco antes da médica ser assassinada, de acordo com Douglas, Hilário ficou ainda mais agressivo. Ele ainda disse que o sogro da irmã culpava a mãe da médica pela separação.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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