Pai de duas crianças pequenas, o lavrador Fredolino Kempin, de 43 anos, morreu após ser picado por uma cobra venenosa enquanto trabalhava na própria lavoura, localizada no distrito de Galo, em Domingos Martins, na Região Serrana do Estado. O acidente aconteceu na semana passada, mas ele faleceu no último domingo (9).
De acordo com a sobrinha Angelica Laura Kempin, o ataque da jararaca feriu a parte superior da batata da perna, pouco acima da botina utilizada pelo tio. A brutalidade foi tamanha, que chegou a rasgar a calça. "A cobra estava dentro de um buraco de tatu, irritada com o barulho da roçadeira, e ele não viu", contou.
Ainda no Hospital Doutor Arthur Gerhardt, ele chegou a tomar uma anestesia local e precisou ser internado. No dia seguinte, a sobrinha – que também é técnica em enfermagem – esteve no local. "Quando cheguei, tomei um susto: a perna dele estava muito roxa. Ele achava que ia morrer de dor", lembrou.
Profissional da área e ciente da gravidade, ela procurou os médicos para uma reavaliação. "Assim que o cirurgião de plantão olhou, ele viu que o meu tio já estava perdendo a perna, que estava sem circulação", disse. Nessas condições, Fredolino foi transferido para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória.
Depois de ir para o centro cirúrgico e amputar a perna direita, ele acordou bem. No entanto, cerca de uma hora depois, uma reviravolta: o lavrador sofreu duas paradas cardíacas e faleceu, na noite do último domingo (9). "Nossa família está arrasada, sem chão, por ele ir dessa forma inesperada", desabafou Angelica.
Descrito como uma pessoa "que ajudava todo mundo e de muita fé" pela sobrinha, Fredolino Kempin era casado. Junto da esposa Evanilza, ele teve dois filhos: o Guilherme, de seis anos, e a Evelyn, de apenas três. O enterro dele aconteceu no Cemitério de Galo, em Domingos Martins, nessa terça-feira (11).
Popularmente conhecido, o termo "jararacas" abrange cobras pertencentes a dois gêneros: Bothrops e Bothrocophias. São dezenas de espécies, das quais 30 podem ser encontradas no Brasil, com diversos padrões de cores e manchas a fim de conseguirem se camuflar melhor nos respectivos habitats naturais.
De acordo com o Instituto Butantan, as jararacas respondem por quase 90% dos acidentes com cobras peçonhentas em seres humanos e podem ser encontradas em florestas e campos abertos, tanto no alto de árvores, como embaixo de rochas e plantas. O veneno delas é injetado na vítima por meio de dois dentes.
Já segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a picada da jararacuçu (Bothrops sp.) – tipo que acometeu Fredolino, segundo a família – causa hemorragia, inchaço e destrói os tecidos na região da picada. "É de longe a cobra que mais pica seres humanos no país", afirma a instituição.
"Para tratar a picada de jararacuçu, o soro certo é antibotrópico. No entanto, como é difícil distinguir elas das surucucus, existe um soro que serve para ambas: o antibotrópico-laquético. A melhor forma de saber a espécie é capturar o animal com muito cuidado e levá-lo ao hospital, o mais rápido possível", orienta.
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