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Hospitais do ES têm vagas de trabalho, mas faltam profissionais

Hospitais do ES têm vagas de trabalho, mas faltam profissionais

Aumento da demanda provocado pela Covid-19 exige ampliação das equipes, contudo, nem todo candidato está apto a realizar o trabalho, na avaliação de entidades

Publicado em 8 de junho de 2020 às 19:00

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Médicos atuam no combate contra o coronavírus
Médicos e enfermeiros estão entre os profissionais que são chamados em processo seletivo para ampliar atendimento. (H Shaw/ Unsplash)

Para atender a demanda crescente nos hospitais em função da Covid-19, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mantém vagas abertas em processos seletivos. Sintomas gripais, causados ou não pela doença, também são responsáveis pelo afastamento de trabalhadores, e a reposição das equipes é fundamental para garantir o atendimento adequado durante a pandemia. De infecção por coronavírus, já houve o registro de mais de 4 mil casos entre profissionais da área. Contudo, nem todo candidato está apto a assumir uma vaga, o que pode comprometer a assistência e, inclusive, a ampliação na oferta de leitos. 

O problema da qualificação é reportado pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, e também pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES), Andressa Barcellos, ambos preocupados com a repercussão na qualidade do atendimento oferecido, tanto na rede pública quanto na privada. 

"Os profissionais qualificados, com experiência em urgência e emergência, e os que trabalham em UTIs, já existem em número limitado. Com aumento de demanda e os afastamentos, o que está acontecendo é que está entrando uma turma mais jovem.  Não tem experiência, por exemplo, para entubar e, ao lidar com essa situação de maneira inadequada, pode espalhar a Covid para todo lado, colocando mais pessoas em risco de contaminação", aponta Otto. 

Nesse contexto, o presidente do Simes observa ainda que a operação dos respiradores, equipamento indispensável nas UTIs para atendimento de pacientes com coronavírus, não é um procedimento simples, e também exige mais qualificação profissional. "A turma mais nova não tem experiência para o manejo do aparelho, para fazer uma punção na jugular, para o manejo de drogas que podem salvar vidas. A situação é caótica e preocupante", define. 

Otto Baptista diz que o quadro atual é também reflexo da sobrecarga de trabalho, e muitos profissionais qualificados se afastaram, não apenas por sintomas gripais, mas por problemas de ordem psicológica e psiquiátrica. Nos plantões de emergência, segundo ele, já existem muitas escalas furadas por falta de médicos. 

DÉFICIT

A situação também é de apreensão na área da Enfermagem. Andressa Barcellos, presidente do Coren, diz que não é possível hoje mensurar o impacto dos afastamentos e do aumento da demanda sobre a qualidade da assistência, mas ressalta que, antes mesmo da pandemia, já havia déficit de profissionais da área nos serviços de saúde do Estado. 

Recentemente, em uma fiscalização do Coren, Andressa conta que havia apenas dois técnicos de Enfermagem para atender 15 crianças. Numa situação como essa de sobrecarga de trabalho, segundo ela, os profissionais não dão conta de adotar todos os protocolos e estabelecem prioridades, como dar medicamento. "Outras coisas que também repercutem, na melhora ou complicação do quadro, acabam ficando em segundo plano", pontua.

Agora, no momento em que o Espírito Santo vivencia o crescimento da curva de transmissão do coronavírus, e que há maior pressão sobre o sistema de saúde, Andressa Barcellos também atesta a necessidade da seleção de mão de obra qualificada.

A presidente do Coren lembra que, em outra fiscalização, esteve em um hospital particular em que o profissional da Enfermagem não tinha nem mesmo entregado a documentação e já trabalhava. "Foi pego a laço, ou seja, não passou nem por treinamento", constata. Andressa afirma que tanto o conselho regional quanto o federal disponibilizam cursos online para contribuir com a qualificação dos trabalhadores em tempo de pandemia.

SELEÇÃO

A Sesa, por meio da assessoria, destaca que, ainda em abril, quando a curva de crescimento não tinha chegado ao nível de aceleração atual,  abriu processo simplificado de contratação emergencial em regime de Designação Temporária (DT). A medida visava à formação de cadastro de reserva para os cargos de médico, enfermeiro, entre outros profissionais de níveis superior, médio e técnico.

Até o momento, 835 profissionais foram admitidos para reforçar as equipes em todo Estado e 350 estão em processo de contratação. Para essa seleção específica da Covid-19, a Saúde pode contratar até 2 mil pessoas. 

Além disso, para  alguns locais também está sendo feito um processo de contratação direta porque não há mais cadastro de reserva, principalmente de técnicos de Enfermagem. Neste caso, a seleção é feita pela análise de currículo. 

Apesar das dificuldades apontadas, a Sesa assegura que, na rede estadual, até o momento não houve comprometimento da assistência, e os profissionais admitidos têm qualificação para as funções que vão desempenhar. 

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