A rápida evolução do número de pacientes confirmados com coronavírus no Espírito Santo, que pressiona o sistema de saúde, levou o governo estadual a decretar, nesta semana, 14 dias de quarentena após a margem de 90% de ocupação dos leitos disponíveis ao tratamento da doença ser atingida. Mas se o risco é extremo, por que o Estado não ergueu hospitais de campanha?
Nesta sexta-feira (19), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, explicou que a estratégia do governo estadual consiste na ampliação de leitos da rede pública e filantrópica.
Hoje, o Estado conta com mais de 1.500 leitos, entre UTI e enfermaria, destinados ao tratamento exclusivo de pacientes contaminados com o novo coronavírus. O número é equivalente a cerca de 15 hospitais de campanha, levando em consideração a média de 100 leitos.
Em pronunciamento nesta manhã, o secretário reforçou que, além de temporários, os hospitais de campanha são estruturas, caras, frágeis e que ofertam principalmente leitos de enfermaria, para casos de menor complexidade, quando o grande gargalo da saúde assistencial são leitos de UTI.
“O próprio presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde (Conass) reconheceu que foi um erro ter apostado em hospitais de campanha em outros estados. São estruturas temporárias, caras. E repito: não evitaram o colapso nos estados que construíram os hospitais de campanha.”
Nésio observa que enquanto trata a alta demanda por leitos como questão de urgência, o Estado tem pensado também, no longo prazo. “Nós tínhamos aproximadamente 660 leitos de UTI antes da pandemia e chegaremos a 1.500 leitos de UTI, que também ficarão disponíveis depois para a saúde pública”.
O secretário explicou ainda que, para atender ao aumento expressivo de demanda por leitos de enfermaria em unidades de saúde pontuais, o governo do Estado vem estabelecendo parcerias com empresas privadas para ampliação das estruturas e oferta das vagas necessárias.
“A Suzano irá construir, acoplado ao Hospital Roberto Silvares, 30 leitos de enfermaria. Uma estrutura temporária para poder reforçar, neste momento, a oferta de vagas do hospital. Outras estruturas dessas estão sendo organizadas em outros hospitais do Estado para poder reforçar temporariamente uma pequena quantidade de leitos de enfermaria. Mas precisamos dos leitos de UTI. São esses os leitos que salvam as vidas e conseguem preservar os pacientes críticos da evolução ao óbito.”
O governo do Estado busca antecipar o início do funcionamento do Hospital Materno Infantil da Serra, inicialmente previsto para abril. Em um primeiro momento, a unidade vai ser utilizada como estrutura de tratamento da Covid-19.
“Estamos tentando antecipar a abertura da unidade, inicialmente com os leitos de enfermaria, e posteriormente com os leitos de UTI. No entanto, é preciso deixar claro que abrir um hospital com 133 leitos de enfermaria e 20 leitos de UTI exige a mobilização e contratação de mais de 500 funcionários, a adequação tecnológica, exige atender os prazos dos fornecedores de equipamentos, os insumos, os medicamentos, solicitam para entrega desses materiais”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
O secretário reforçou que os processos de compra dos insumos e materiais foram abertos há semanas, assim como a contratação da organização social para gerir a unidade.
Além disso, o secretário explicou que o Estado solicitou ao Ministério da Saúde o envio de 100 monitores e 100 ventiladores para serem utilizados na expansão de leitos de maneira geral. A previsão é de que os equipamentos cheguem ao Espírito Santo nas próximas horas ou na segunda-feira (22), no mais tardar.
“Da mesma forma, estamos em contato com as empresas que oferecem aluguel, comodato e garantindo que as expansões de leitos previstas possam se materializar dentro do calendário proposto e aprovado pelo Estado.”
Nésio reforçou ainda que enquanto os gestores se mobilizam para evitar o colapso do sistema de saúde, é preciso que haja colaboração da população para limitar a transmissão da Covid-19.
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