Falta de medicamentos e materiais hospitalares, problema no ar-condicionado, funcionários sobrecarregados, sistema operacional fora do ar e espera de muitos dias por uma cirurgia: estas são reclamações de pacientes do Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo, localizado na Cidade Alta, no Centro de Vitória.
A reportagem de A Gazeta conversou por telefone nesta quarta-feira (28) com pessoas que enfrentam dificuldades semelhantes dentro na unidade. Um dos casos é de uma idosa de 88 anos que está com o fêmur, osso localizado na coxa, quebrado e espera por uma cirurgia desde o dia 19 de fevereiro. Outra pessoa relatou ter machucado o braço no último sábado (24) e também aguarda por uma cirurgia.
O drama vivido estaria acontecendo em decorrência de um problema no sistema operacional, segundo os pacientes. Os funcionários do hospital estariam com dificuldades em acessar prontuários, realizar cirurgias e até mesmo de dar alta a pessoas que já poderiam ir para casa. Não houve reclamação de superlotação, mas os pacientes reconhecem que a entrada de pessoas é maior do que a saída no local.
A idosa de 88 anos citada no início desta reportagem prefere não se identificar com medo de sofrer represálias. Ela caiu e quebrou o fêmur, por isso procurou pelo atendimento médico. A acompanhante dela conversou com A Gazeta e relatou ter chegado ao local no dia 19 deste mês, ou seja, há nove dias.
Ainda segundo a acompanhante da idosa, a paciente chegou a ir para a sala de cirurgia no último domingo (25), mas faltava o risco cirúrgico - um documento elaborado por um médico cardiologista que atesta a condição daquele indivíduo para realização de uma cirurgia. A mulher que acompanha a idosa relata que também faltou antibiótico.
Outro paciente, que também não será identificado nesta reportagem, está com um problema no joelho. "Tá todo mundo aqui numa demanda alta, tá tudo demorando. Queremos saber o que pode ser feito", reclamou.
O taxista James Alvarenga também está entre os pacientes que esperam na fila do hospital por uma cirurgia. Ele fraturou o rádio, uma parte do braço direito, no último sábado (24). Ele elogiou o trabalho feito pelos funcionários da Associação, mas reclamou da falta de materiais hospitalares e até da alimentação.
"Tá faltando um monte de coisa... material, até alimentação. Os funcionários estão sobrecarregados. O sistema saiu do ar no domingo. Cirurgias deixaram de ser feitas. Que sistema é este? Um descaso total", relatou.
O taxista enviou um vídeo à reportagem que mostra o braço dele inchado e com uma vermelhidão.
No início da tarde desta quarta-feira (28), James voltou a fazer contato com a reportagem informando que a cirurgia que fará no braço teria sido marcado para a próxima semana. "Tá feio, e eles não passam nada para a gente, nenhuma informação", lamentou.
O hospital não é administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, mas pela própria associação que dá nome à unidade de saúde. A reportagem demandou a Secretaria de Estado da Saúde porque o hospital também recebe pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, há recebimento de verba pública para tratamento de pacientes e cirurgias, como nos casos de fontes ouvidas por A Gazeta.
Em nota, a Secretaria da Saúde (Sesa) reiterou a informação de que o Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo é filantrópico de caráter privado, não fazendo parte da estrutura organizacional da Sesa. A Secretaria informou que os repasses são realizados até o dia 10 de cada mês e garantiu estar em dia com a transferência de recursos.
A Sesa ainda informou que a instituição possui convênio com a Sesa para oferta de consultas e exames para o Sistema Único de Saúde (SUS), pela diária de internação hospitalar e na utilização de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs). Atualmente o valor do contrato é de R$ 3.922.292,35 mensais, segundo a pasta, com uma oferta de 113 leitos SUS e 03 leitos sala vermelha.
A reportagem de A Gazeta ligou várias vezes para a associação e demandou por e-mail, com as perguntas abaixo, desde a manhã desta quarta-feira (28).
Considerando as reclamações feitas pelos pacientes, perguntamos o seguinte:
No fim da tarde desta sexta-feira (28), em nota, a Associação dos Funcionários Públicos do ES, que responde pelo hospital, afirmou desconhecer a situação relatada por pacientes no local para a reportagem.
"Não temos conhecimento dessas reclamações, destacamos que as alegações não procedem e são infundadas. Acreditamos que, em grande parte, resultado de disputas políticas. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e eficiência, buscando resolver as questões internamente. Estamos abertos ao diálogo construtivo para melhorar continuamente nossos serviços", finaliza a nota.
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