Um local de fé, espiritualidade, tranquilidade deu lugar à tristeza, revolta e consternação desde o último final de semana. Moradores do distrito de Taquaral, no interior de Aracruz, no Norte do Espírito Santo estão revoltados com o vandalismo ocorrido na Igrejinha de Monte Serrat, também conhecida como "Igreja do Pelado", que fica no alto de uma pedra com cerca de 800 metros de altura.
Na manhã de sábado (21) moradores da propriedade onde a capela foi erguida foram acordados com a notícia de que a pequena igreja havia sido arrombada, depredada e também roubada. Incrédulo com situação, o empresário Harnom Pimentel, de 28 anos, bisneto de Euvaldo Soares Souza, que ergueu a igrejinha na década de 30, disse que o cenário encontrado no local é desolador.
"É uma situação muito triste e revoltante, minha avó está inconsolável. Arrombaram a porta, quebraram a cruz que ficava no alto da porta, danificaram a imagem de dois santos que ficavam na igrejinha e também o vidro que protegia as peças. Até a caixinha de doações eles levaram. Não sabemos ao certo quando ocorreu, mas soubemos na manhã de sábado (21) por pessoas que subiram pela manhã e nos avisaram. Estamos sem entender porque fariam isso em um local que só traz boas lembranças", disse o jovem.
Quase que diariamente, a Igrejinha do Monte Serrat é procurada por pessoas da cidade e região para orações. Foi com esse objetivo que em 1931, Euvaldo Soares Souza, o "Osvaldo Baiano", resolver erguer uma capelinha no alto da pedra para "fugir das desgraças do mundo", como dizia aos amigos da época e é contado pelo bisneto. Inicialmente o local era reservado à família, mas com o passar dos anos e décadas, as pessoas foram descobrindo o lugar.
"Era tudo reservado, mas meu bisavô era conhecido na região, tinha amizade com os políticos e também com as lideranças religiosas de Aracruz. Então ela foi ganhando popularidade e ficando conhecida, não só em Taquaral, mas também em Aracruz e cidades vizinhas. Anualmente realizamos missas no dia 12 de outubro, onde fazemos a celebração de Nossa Senhora do Monte Serrat. É uma pena que tenha ocorrido isso, nos entristece demais", contou Harnom.
Nos finais de semana, especialmente, a pedra onde a igrejinha foi construída é o destino de quem procura por aventuras e por pessoas que buscam um amanhecer ou um pôr do sol encantador. Do alto é possível ver praticamente toda a cidade de Aracruz, o litoral, a BR 101 e outros locais para se contemplar. Mas para chegar lá e ter a visão que o local oferece é preciso caminhar por uma estrada de cerca de 1.950 metros morro acima.
A depredação ocorrida no último final de semana não foi a primeira ação de vandalismo que a igrejinha sofreu. Há cerca de quatro meses, após ser toda pintada, ela teve as paredes pichadas. Por conta dos danos recentes, a família proprietária do terreno pensa em restringir o acesso de visitantes para manter viva a memória de quem a construiu.
"Nunca foi nossa intenção, mas agora estamos pensando em alguma forma de dificultar um pouco. Desde que meu avô Bianor Souza morreu, a igrejinha passou a ficar aberta, até porque não faz sentido mantê-la fechada já que as pessoas iam lá em cima para também conhecê-la. Porém, esse tipo de coisa faz com que a gente repense. Somos nós que cuidamos de tudo, desde a limpeza da estradinha, da trilha e da conservação. Restringindo o acesso, seja cobrando algum valor ou limitando os dias, talvez a gente tenha um pouco mais de controle. Registrei um boletim de ocorrência e agora esperamos que os responsáveis sejam identificados", complementou o neto.
Apesar do desânimo, a família pretende reformar a Igrejinha. Para isso, pretende realizar uma vaquinha virtual e até mesmo procurar ajuda de empresários da cidade e região, caso seja necessário. Para se chegar ao local, é preciso pegar um desvio na rodovia estadual ES 124, que faz a ligação da sede do município com o distrito de Guaraná, e percorrer mais cinco quilômetros aproximadamente.
A Igrejinha de Monte Serrat é solidamente construída em alvenaria, com grossas paredes, mas é bem pequena, onde mal cabem 5 pessoas em pé. O material de construção foi levado para o alto da pedra no lombo de animais de carga ou nas costas de pessoas que ajudaram na obra.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, que informou em nota, que não foi localizado nenhum acionamento para atendimento de ocorrência com as características citadas no dia e bairro informados.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta