As ilhas Itatiaia em Vila Velha foram reabertas para visitação após o fim do período de reprodução das aves marinhas. A informação foi divulgada pela prefeitura.
O período de fechamento ocorre anualmente, entre os dias 15 de abril e 14 de outubro. A medida atende à Resolução Consema Nº 011/2005 e visa a proteger o ciclo reprodutivo de espécies ameaçadas de extinção, como as andorinhas-do-mar e a pardela.
"As ilhas costeiras de Vila Velha são áreas de extrema importância para a preservação da nossa biodiversidade. Elas são protegidas por regulamentos específicos, como a Resolução Consema, e são classificadas no Plano Diretor Urbano do município como Zona de Especial Interesse Ambiental (ZEIA). Nossa responsabilidade é garantir que as áreas continuem sendo refúgios seguros para as espécies ameaçadas”, afirmou o secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Klippel Borgo.
De acordo com a gerente de recursos naturais de Vila Velha, Manuela Batista, tanto o município como o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e a Capitania dos Portos dividem a responsabilidade de fiscalização nas ilhas, seja nos períodos de defeso como ao longo do ano.
"A prefeitura realiza a fiscalização com apoio das denúncias através do 162. E temos contato direto com os barqueiros e pescadores, que nos ajudam denunciando", explicou Manuela.
É de responsabilidade da Capitania dos Portos a fiscalização da documentação das embarcações que fazem o translado.
Atualmente, são cerca de oito equipes trabalhando na curva de Itapuã com esse tipo de translado para Pituã e Itatiaia. Eles estão uniformizados desde o ano passado, com nome, logomarca e cor de cada grupo.
A Ilha Pituã, por sua vez, permanece aberta durante todo o ano para a realização de passeios com as equipes de barqueiros que operam o translado para a ilha, que são devidamente capacitados e preparados para atender os visitantes.
Inicialmente, a Prefeitura de Vila Velha divulgou que a Ilha dos Pacotes, que fica a 3,5km da costa, também tinha sido reaberta para visitação. Entretanto, de acordo com a Capitania dos Portos, os desembarques não são permitidos no local.
"Essa área pertence à Marinha do Brasil, além de ser considerada área de preservação ambiental. Na Ilha dos Pacotes existe uma sinalização náutica (Farolete) da Capitania dos Portos do Espírito Santo. Além de ser área militar, é proibido acessá-la pois qualquer dano ao patrimônio pode colocar em risco a segurança da navegação, uma vez que a ilha pode apresentar riscos, como falta de infraestrutura adequada para receber turistas. A proibição de desembarque visa a garantir que a região permaneça preservada e que as condições de segurança sejam mantidas", informou a Marinha.
Procurada pela reportagem, a prefeitura voltou atrás e confirmou que visitantes não são autorizados. A Ilha dos Pacotes também recebe aves marinhas e passa pelo período de defeso, o município apenas acompanha as ações de fiscalização próximo ao local e a migração das aves marinhas no local.
Distâncias da areia
Nas Ilhas Itatiaia e Pituã, onde a visitação é permitida, não existe restrição porque a área utilizada para desembarcar tem profundidade e não tem recifes.
As embarcações, entretanto, precisam estar sob controle da Colônia de Pesca Z-2 e ter a documentação que autoriza o translado de pessoas, de acordo com a Capitania dos Portos.
De acordo com a Prefeitura de Vila Velha, existem placas educativas e informativas instaladas nas ilhas, nos pontos da orla próximo às ilhas e nos pontos de embarque, alertando sobre as atividades proibidas nas ilhas.
De acordo com a gerente de recursos naturais, atualmente, não existe nenhum tipo de controle de entrada de pessoas na ilha, mas a possibilidade é estudada, inclusive com ajuda de um aplicativo que está sendo desenvolvido para cadastrar os visitantes.
“Com o cadastro dos visitantes podemos pensar também em uma forma de auxiliar no controle de entrada, mas não sei se vamos conseguir aplicar esse ano ainda, para o verão. Ainda precisamos de passar por adaptações e pela fase de teste”, disse.
De toda forma, Manuela explicou que, por enquanto, a educação ambiental e turismo consciente é trabalhada com os barqueiros.
“Nosso trabalho com eles é no sentido de orientar e capacitar. Todos os anos fazemos capacitação com os barqueiros e educação ambiental, para que possam desenvolver um turismo sustentável. Não dá para levar uma multidão para esses locais, a ilha não suporta e fica desconfortável para quem tá lá. Eles são orientados a distribuir as pessoas nas ilhas, por exemplo, Pituã já está cheia, leva para Itatiaia”, disse.
As Ilhas Itatiaia e dos Pacotes, em Vila Velha, são parte fundamental da rota de reprodução de diversos tipos de aves marinhas.
As pardelas se reproduzem também em outras áreas do litoral capixaba, como a Ilha Escalvada, em Guarapari; a Ilha Branca, em Marataízes; e as Ilhas Galhetas, em Vitória.
As andorinhas-do-mar-de-bico-amarelo e as andorinhas-do-mar-do-bico-vermelho se reproduzem ao longo do litoral brasileiro, das ilhas costeiras do Espírito Santo até Santa Catarina.
Já as pardelas-de-asa-larga constroem ninho exclusivamente nas Ilhas Itatiaia, em Vila Velha, e em algumas ilhotas em Fernando de Noronha, o que reforça a importância de respeitar o período de reprodução.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente da prefeitura, aves marinhas são extremamente vulneráveis a distúrbios climáticos e ambientais, pois têm áreas de reprodução limitadas e se concentram em localidades específicas para se reproduzir.
Com informações de Ana Elisa Bassi, do g1 ES
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