Embora menos comum, o infarto pode acontecer em pessoas jovens. Doenças silenciosas, problemas genéticos ou congênitos e até mesmo hábitos não saudáveis podem ocasionar alterações cardíacas. Porém, as causas de infarto entre jovens não são as mesmas observadas em pessoas mais velhas com doenças crônicas ou problemas de hipertensão.
Médicos afirmam que casos de infarto ocorrem com mais frequência em homens a partir dos 35 anos. Em mulheres, depois dos 40 ou 50 anos. No caso delas, o risco do problema cardíaco é menor do que em homens porque o estrogênio protege tanto a pressão arterial quanto o controle do colesterol.
Até por isso, um caso trágico chamou a atenção no último dia 1°. A pedagoga Isabela Andrade de Oliveira, de 22 anos, foi encontrada pelo marido, sem vida, sobre a cama na residência do casal, no bairro São Pedro, em Vitória. A causa da morte no laudo foi informada como infarto agudo do miocárdio. Familiares da jovem, porém, afirmaram que ela não tinha problemas cardíacos.
As mortes de mulheres jovens por infarto vêm aumentando nos últimos anos. De acordo com levantamento da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), a partir dos dados do Portal da Transparência da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), houve 161 mortes de mulheres entre 20 e 29 anos por infarto em 2021, contra 132 em 2020 e 131, em 2019 — crescimento de 22%. Entre os homens, na mesma faixa etária, o número de óbitos por infarto passou de 351 para 440, entre 2019 e 2021.
Especialistas ouvidos pela reportagem de A Gazeta explicaram como os casos de infartos, apesar de raros, podem acontecer em pessoas jovens. Um dos fatores, segundo o coordenador do serviço de Cardiologia do Hospital Evangélico de Vila Velha, Diogo Barreto, é a alteração nos trombos — coágulos que se formam nos vasos sanguíneos, veias ou artérias e limitam o fluxo do sangue —, as chamadas trombofilias. “As pessoas nascem com isso, de maneira congênita, e podem formar pequenos coágulos e o entupimento de artérias que irrigam o coração”, explicou.
De acordo com o cardiologista, existem também outras doenças mais raras, que são chamadas de vasculites. “As vasculites são inflamações nos vasos. Principalmente se houver inflamações nas coronárias (artérias que nutrem o músculo cardíaco), pode levar também ao infarto”, destacou.
Outro fator, ainda segundo Diogo, é a dissecção espontânea de coronária. “Também rara, a dissecção coronariana, que é a ruptura das paredes dos vasos, pode causar infarto em jovens”, pontuou. “O uso de drogas ilícitas, como crack e cocaína, também é um dos fatores de risco para infarto nessa faixa etária”, completou o cardiologista.
O cardiologista explicou que o infarto costuma ser confundido com um mal súbito, que leva o paciente a ter uma perda de consciência. “Um infarto pode levar a um mal súbito, provocado por diversos motivos. Entre os jovens, uma das causas é a arritmia relacionada à má-formação do coração”, detalhou Diogo.
Um problema que pode afetar os jovens com mal súbito, segundo o médico, chama-se miocardiopatia hipertrófica. “É uma doença congênita que causa a alteração estrutural do coração e pode levar à arritmia. É a principal causa de morte cardíaca em pacientes abaixo dos 35 anos. Acima dos 35, vias de fato, o que mais ocorre é o infarto”, destacou.
Para identificar sintomas e obter um diagnóstico médico sobre o risco de problemas cardíacos antes dos 30 anos, o ideal é que o acompanhamento comece já na adolescência.
“Os exames de rotina, como os de colesterol, podem ser feitos nos adolescentes. Pessoas com desmaios inexplicáveis ou histórico de mal súbito na família, tendo irmãos ou pais que morreram antes dos 35 anos de causa inexplicada, devem procurar avaliação médica porque, às vezes, é possível diagnosticar algum problema cardíaco por meio de exames físicos ou complementares básicos, como eletrocardiogramas”, garantiu Bruno.
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