O avanço da vacinação contra a Covid-19 no Espírito Santo tem sido essencial para controlar o número de mortes, que já esteve em crescimento acelerado. Essa é a conclusão de um estudo divulgado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Em quinto lugar no país, o Estado tem 48,50% da população completamente vacinada e cerca de 79% com pelo menos a primeira dose.
De acordo com o diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira, o resultado da imunização fica claro ao avaliar que, no pior cenário da pandemia, entre março e abril deste ano, o Estado chegou a apresentar média móvel de 77 óbitos em 14 dias, ao passo que hoje este índice caiu para 8,9 - em patamar estabilizado.
Com a consistência da vacinação, após o mês de maio de 2021 aparecem os reflexos. "Depois de maio, com o avanço da vacinação, aliado aos efeitos da quarentena preventiva em março e abril, tivemos o processo de redução dos óbitos, ao ponto de chegar em agosto e setembro com média móvel de 5, 6 óbitos em 14 dias. Apenas de maio para junho encontramos uma redução de 51% na média móvel, seguida por 40% de junho para julho e 37% de julho para agosto. Foram quedas consistentes", disse.
Sobre a imunização, ainda há cerca de 300 mil pessoas que não completaram o esquema vacinal. Segundo Lira, é fundamental que estas pessoas tenham o compromisso de retornar para a segunda dose, bem como que mais pessoas tomem a primeira e a dose de reforço. Dessa forma o patamar de óbitos poderá ser mantido ou mesmo reduzido.
Os esforços empreendidos no Estado para o avanço da vacinação, lembra Pablo Lira, podem ter preservado quase 2.500 vidas, conforme já destacou A Gazeta.
"Fizemos estimativa até 10 de julho e com a vacinação a gente teve milhares de vidas preservadas no Estado. Para isso comparamos as tendências de óbitos da Covid com o ano de 2020, quando não tínhamos vacinação. Seguindo o ritmo que o Estado tem aplicado, provavelmente na próxima semana teremos mais de 50% da população com o esquema vacinal completo. É uma esperança na construção da nova normalidade", acrescentou.
De acordo com Lira, foi possível relacionar a redução de óbitos pelo coronavírus às faixas que vinham sendo vacinadas ao longo do tempo. A princípio foi observada queda no grupo acima dos 80 anos de idade, depois dos acima de 70, e assim sucessivamente.
"O Estado passou a ter tendência de redução de óbitos nas faixas etárias priorizadas de forma gradativa. À medida que ia priorizando, fomos observando queda. E isso ficou ainda mais evidente a partir de abril e maio, em que tivemos redução de óbitos e avanço na vacinação. Já nas últimas semanas o Espírito Santo está em uma condição diferenciada comparada aos outros Estados, até por conta das doses extras adquiridas pelo Estado em parceria com o Butantan. A tendência pros próximos meses é que esse percentual de pessoas vacinadas aumente ainda mais e isso reduza a tendência de óbitos", disse o especialista.
Em relação à taxa de transmissão de casos da Covid-19, a Grande Vitória atingiu, na última semana analisada, do dia 24 de setembro, patamar abaixo de 1, tendo chegado a 0,97. Isso significa dizer que a cada dez pessoas infectadas, a doença é passada para 9 ou 10 novas pessoas. Na semana passada, também na região metropolitana, a taxa era de 1,4 (a cada 10 infectados, 14 pessoas poderiam se infectar também).
"Oscilações na taxa são esperadas, já que ainda há pessoas sendo infectadas. O propósito principal da vacinação não é evitar a transmissão, mas sim evitar o quadro mais grave da doença e a evolução para óbito. A taxa de transmissão está ficando próxima de 1. Ano passado estava mais forte. Em outubro de 2020 iniciava o segundo pico, a título de comparação", explicou Lira.
Já a taxa de transmissão do interior do Estado está em 1,2, também considerando a semana do dia 24 de setembro, o que também representa queda com relação à semana anterior, quando estava em 1,49. O Espírito Santo como um todo teve a resultante de 1,13 na última semana de análise, tendo caído do patamar de 1,4.
Apesar das expectativas, a tendência de aumento de casos confirmados é prevista, em especial no final do ano. "Já sabemos que com o número de feriados e maior a interação entre pessoas isso deve acontecer. No 12 de outubro do ano passado vimos uma escalada de casos confirmados e óbitos. Vendo esse comportamento, podemos ter aumento de casos confirmados até o fim do ano, mas menos intenso que no ano passado e menos do que na terceira expansão, entre março e abril de 2021", destacou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta