O novo inquérito sorológico da Covid-19 indica que há mais pessoas fora de suas casas, o que poderia justificar o resultado que aponta redução da prevalência da doença no Espírito Santo. No intervalo de um mês, entre a última etapa do primeiro inquérito em junho e o início da segunda investigação (27 a 29 de julho), houve queda superior a 30% no indicador.
Ethel Maciel, pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), está acompanhando o trabalho da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na área, e observa que o inquérito sorológico mais recente demonstra um perfil diferente de entrevistados nas visitas domiciliares, revelando outro recorte da realidade.
O novo inquérito sorológico está sendo realizado em 13 municípios e, nesses locais, são sorteadas as residências, das quais moradores também são selecionados para fazer o exame para a Covid-19. O teste apenas é feito em toda a família se o sorteado tiver diagnóstico positivo para o coronavírus.
Os recenseadores constataram, desta vez, muitas residências fechadas e, em outras, maior predominância de pessoas idosas e crianças. Para Ethel Maciel, um quadro que retrata o atual momento, em que há mais flexibilização no funcionamento de comércio e serviços do que há um mês, levando o público jovem e adulto às ruas para trabalho e outras atividades.
"Como flexibilizamos bastante, agora, em dias de semana, encontramos em casa as crianças e os mais velhos, uma população que, desde o início da pandemia, já estava mais protegida. Comparada com a quarta fase, um mês atrás, é uma população diferente. Para pegar todo mundo, será preciso mudar de estratégia", argumenta a professora.
Fazer a pesquisa nos finais de semana, ou com nova metodologia - em vez de domiciliar, pelo fluxo de pessoas nas ruas - são sugestões de Ethel Maciel para que o resultado inquérito sorológico seja mais preciso. A professora explica que não há erro no método atual, porém ele não alcança as pessoas que estão circulando mais. A Sesa já avalia a possibilidade de realizar a investigação em pontos de maior movimentação, como terminais de ônibus e parques.
O professor Etereldes Gonçalves Junior, do Departamento de Matemática da Ufes, acrescenta que, pelos resultados apresentados, o público identificado em casa no novo inquérito sorológico é composto por pessoas que já não estavam tão expostas ao coronavírus. Por isso, em sua avaliação, se torna a hipótese mais plausível para a redução da prevalência da Covid-19 no Estado, entre as teses levantadas pela Sesa, uma vez que é menor a incidência de casos positivos na população que manteve o isolamento social.
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