A Prefeitura de Vitória lançou, na quarta-feira (21), o edital para a reforma do Restaurante Popular da Capital, localizado na Rua Hermes Curry Carneiro, em Ilha de Santa Maria. Fechado desde janeiro de 2017, a previsão é que o local retome o funcionamento, com refeições a preços simbólicos, em 2024. Quem auxilia população em situação de rua e famílias em vulnerabilidade social comemorou a retomada da iniciativa, mas criticou a demora para que isso ocorresse.
Júlio Pagotto, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória, ressaltou que o Restaurante Popular teria ajudado bastante principalmente no período da pandemia da Covid-19.
"No período mais agudo da fome, que o Brasil como um todo enfrentou, principalmente o povo mais pobre, da rua, e a prefeitura demorou esse tempo todo para reinaugurar o Restaurante Popular. A gente fica satisfeito que a cidade vai ter e reconhece como uma importante política pública, mas fica indignado porque deixaram para o último ano do mandato."
O padre Kelder Brandão, da Arquidiocese de Vitória, também destacou a questão dos maquinários, que ficaram parados dentro do restaurante desde que ele foi desativado.
"Nesse tempo todo o maquinário ficou inutilizado. Agora eles abrem licitação para refazer toda a estrutura de um equipamento que já existia e funcionava bem. Além de não ter matado a fome do povo, se perdeu patrimônio público", ponderou o padre.
Presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsea) de Vitória de 2019 a 2021, Jaqueline Moreira de Araújo detalhou que diversas reuniões foram feitas nesse período para tratar sobre a questão da fome na Capital, sobretudo pela urgência do assunto durante a pandemia. Na ocasião, o prazo dado pela prefeitura para reabertura foi de até 2024.
A reportagem procurou a Prefeitura de Vitória para se posicionar sobre o assunto. Em entrevista para A Gazeta, a secretária municipal de Assistência Social, Cintya Schulz, informou que, no período da pandemia, o município teve o funcionamento do Centro Pop na Capital, que oferta alimentação.
"Durante a pandemia a gente teve um esvaziamento desse público que estava no Centro Pop, hoje a gente atende aproximadamente 130 pessoas ao dia com alimentação, e a gestão também implantou um abrigo 24 horas, no dia 13 de julho de 2021, com capacidade de 50 pessoas fazerem pelo menos quatro refeições ao dia"., iniciou a secretária
Além disso, a secretária ainda afirmou que o Restaurante Popular estava fechado desde antes da gestão de Pazolini, e pontuou a necessidade de obras no local.
"O espaço precisa ser reformado. O que foi lançado ontem foi o edital para reforma desse espaço que não tem condição nenhuma de funcionamento. Teve de se fazer um exercício anterior de reajuste nas contas do município. O investimento que está sendo feito é de R$ 3,7 milhões, e o prefeito, quando chegou, tinha R$ 6,4 milhões em caixa. Então teve todo um esforço para que o recurso fosse economizado para que a prefeitura tivesse capacidade de investimento para fazer essa retomada. A gente gostaria que já estivesse com uma obra pronta, e fosse só fazer funcionar? Sim, mas não foi isso que nós encontramos."
Em entrevista à CBN Vitória na quarta-feira, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) disse que serão servidas, por dia, mais de duas mil refeições: serão 1.600 no almoço e 500 no jantar, todas com opção de marmitex.
"O Restaurante Popular está fechado desde 2017, infelizmente. As condições são lamentáveis, por conta de um abandono. Parte do teto caiu. Mas, com esse projeto, vamos reformular. Vamos instalar mesas, cadeiras. Serão mais de 230 cadeiras para que as pessoas sejam bem tratadas. A expectativa é manter o valor simbólico. Já chegou a ser R$ 1 e R$ 2, trabalhamos nesta margem", declarou.
Para entrar no restaurante, o público deverá utilizar o cartão do Cadastro Único (CadÚnico). "Por isso a importância de manter os dados atualizados. A população em situação de rua também terá acesso", completou Pazolini.
De acordo com a administração municipal, a reforma contempla a reestruturação de todo o prédio, com salas de administração, nutricionista e assistente social, áreas para recebimento e preparo de alimentos, depósitos, câmara fria e estoque, cozinha industrial, vestiário de funcionários e banheiros.
O custo total máximo admitido em proposta para execução das obras de reforma e reestruturação é de R$ 3.700.424,89 com prazo de conclusão de 240 dias (oito meses) após a assinatura da ordem de serviço para início das obras.
"A obra de reforma será concluída em até oito meses, com recursos próprios. Importante ressaltar que o custeio diário dessas refeições será também com recursos bancados pelo município", revelou o secretário de Obras Gustavo Perim.
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