Após declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro, feita nesta quinta-feira (11), pedindo a seus seguidores que filmassem o interior de hospitais públicos e de campanha para verificar se os leitos estavam de fato ocupados, e após visita surpresa de deputados estaduais capixabas ao Hospital Estadual Dório Silva, na Serra, o Conselho Regional de Medicina no Espírito Santo (CRM-ES) se manifestou, nesta segunda-feira (15), no sentido de pedir respeito a pacientes e profissionais de saúde.
Em nota, a entidade afirmou entender a gravidade do momento atual, de pandemia do novo coronavírus, diante do qual autoridades e a sociedade não deveriam "perder tempo" ampliando tensões políticas. O CRM destacou ainda o trabalho que vem sendo desempenhado pelos profissionais de saúde, que trabalham na linha de frente no combate à Covid-19. Confira na íntegra:
"O Brasil vive um momento grave demais para que as autoridades públicas e a sociedade em geral percam tempo ampliando a tensão política nacional.
Os hospitais estão funcionando próximo do seu limite e atendendo bem a população, na medida do possível, graças especialmente aos abnegados profissionais que estão na ponta desse trabalho árduo de enfrentamento da pandemia do Coronavírus.
Na próxima quarta-feira, representantes do CRM-ES, da Frente Parlamentar e da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e dos médicos que trabalham no Hospital Estadual Dr. Dório Silva se reunirão para discutir e refletir sobre a gravidade da situação naquela unidade e no Espírito Santo.
O Conselho apela para que todos, autoridades e sociedade, tenham respeito pelos pacientes, seus familiares e os profissionais da saúde".
A reportagem também procurou a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) e o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Em live nas redes sociais da última quinta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro defendeu que seguidores ingressassem em hospitais para verificar a ocupação dos leitos. Caso as imagens demonstrassem anormalidade, elas deveriam então ser encaminhadas ao governo federal, que repassaria para a Polícia Federal ou para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para que fossem investigadas.
Nas palavras dele: "Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda", disse.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se manifestou na sexta-feira (12), afirmando que o pedido do presidente teria sido uma "insensibilidade com os familiares dos mais de 40 mil mortos pela Covid-19".
Já nesta segunda-feira (15), a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) fez uma representação ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) contra os cinco deputados que se dirigiram ao hospital Dório Silva. No texto, o governo estadual acusa os parlamentares de crime contra a saúde pública e pede que o MPES ingresse com ação penal contra eles no Tribunal de Justiça (TJES).
Também nesta sexta-feira (15), conforme divulgado pelo colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse considerar criminosa e insensata a "invasão" de hospital por deputados capixabas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também criticou a ação dos legisladores, por meio de postagem no Twitter.
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