Uma mãe aflita, sem comer e sem dormir desde a tarde de quarta-feira (10). Esta é a costureira Telma Francisco Rosa, de 53 anos, moradora do Morro da Capixaba, em Vitória. Ela é mãe de Thomas Rainer Francisco Rosa, 25 anos, o homem que invadiu a TV Globo e fez uma repórter refém.
Thomas foi detido na tarde de quarta-feira (10) depois de invadir os estúdios da TV Globo, no Rio de Janeiro. Ele usou uma faca para render a repórter Marina Araújo e disse que queria encontrar a âncora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos, que fazia aniversário daquele dia, para parabenizá-la. Após negociações com a Polícia Militar e a intervenção de Renata, Thomas largou Marina e foi detido.
Thelma conta que soube da situação envolvendo o filho, por volta das 2h desta quinta-feira (11), ao abrir as redes sociais. "Eu dormi um pouco mais na quarta, pois havia retornado para casa do trabalho muito tarde. Quando acordei, meu filho não estava em casa. As horas foram passando, liguei à tarde para ele e não atendia. Comecei a ficar preocupada. Já de madrugada, abri a rede social e o reconheci na imagem dele que estava em todos os sites", contou a mãe de Thomas.
A mãe de Thomas conta que não sabia que o filho iria para o Rio de Janeiro, mas que ele já havia comentado que era aniversário de Renata Vasconcellos esta semana. "Ele chegou a falar que, nesta semana, Renata esteve no hotel onde ele trabalhava aqui no Espírito Santo e perguntou pelo meu filho. Mas isso é imaginação da cabeça dele, até disse que esteve com o Papa Franscisco recentemente. Thomas ficou assim depois do acidente que sofreu", contou a Thelma.
O acidente a que a mãe se refere ocorreu em 20 de dezembro de 2019, quando Thomas deixou o emprego em um hotel e disse que iria morar no Rio de Janeiro. Porém, na BR 101, em Guarapari, ele teria invadido a contramão e batido em um caminhão. O rapaz foi levado para o Hospital São Lucas, em Vitória.
"Somente oito dias depois que ele deu entrada no hospital foi que conseguiram me localizar. Eu estava desesperada já pois não sabia onde ele estava, não tinha notícias. Conseguiram encontrar meu telefone no celular dele", contou a mãe.
Foram 24 dias de internação, passando por mais dois hospitais públicos. "Ele saiu sem lembrar de nada do acidente, não sabe o que houve. Está com um coágulo no sangue e faz acompanhamento. Fui avisada pelos médicos que ele teria sequelas neurológicas", disse Telma, que não sabe mais o que fazer para ter contato com o único filho.
Sem condições financeiras de ir ao Rio de Janeiro ou contratar advogado, a mãe de Thomas procurou pela Defensoria Pública e pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo para tentar alguma ajuda, mas foi em vão. Devido ao feriado, ela deu de cara com portas fechadas.
"Eu liguei para delegacias do Rio de Janeiro até descobrir para onde ele tinha sido levado, uma delegacia de Copacabana. Mas depois foi levado para Casa de Custódia de Benfica", relatou.
Thomas é o único filho da costureira e mora com ela no Morro da Capixaba. Ela conta que o filho não é agressivo e que não acredita até agora no que está acontecendo. "Estou sem comer, sem dormir, sem acreditar que tudo isso aconteceu. Ser mãe é muito dificil. Meu filho sempre foi um excelente profissional, é uma pessoa carinhosa, prestativa e ajuda qualquer pessoa no nosso bairro, pode perguntar para qualquer pessoa. Eu preciso saber o que fazer para tirar ele da cadeia, preciso resgatá-lo", desabafa.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, a TV Globo informou que o ataque foi feito por alguém "com distúrbios mentais, sem nenhuma conotação política. Um homem que exigia ver a jornalista Renata Vasconcellos."
Na tarde desta quarta-feira (10), um homem invadiu a sede da TV Globo, no Jardim Botânico, portando uma faca. Ele fez a repórter Marina Araújo refém.
A segurança da Globo rapidamente agiu, isolou o local e chamou a PM. O comandante do 23° batalhão da corporação, coronel Heitor Henrique Pereira, compareceu rapidamente à emissora e conduziu a negociação.
O homem, que ameaçava a jornalista, liberou a repórter após alguns minutos. Marina e todos os funcionários que estavam no local não se feriram e passam bem.
A Globo repudia com veemência todo tipo de violência. Foi obra de alguém com distúrbios mentais, sem nenhuma conotação política. Um homem que exigia ver a jornalista Renata Vasconcellos.
Seguindo instruções do comandante Heitor, Renata compareceu ao local onde estava Marina e o invasor. Tão logo ele a viu, largou a faca e libertou Marina. Foi preso imediatamente.
A TV Globo agradece à PM, ao coronel Heitor e a todos os policiais, cuja condução foi exemplar.
Marina se comportou com coragem, serenidade e firmeza, sendo fundamental para o desfecho da situação.
Renata foi corajosa, desprendida, solidária e absolutamente imprescindível para que tudo acabasse bem. As duas profissionais estão bem. E foram recebidas pelos colegas com carinho e emoção.
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