As investigações que levaram aos seis réus que começaram a ser julgados nesta segunda-feira (23) por envolvimento na morte da médica Milena Gottardi reúnem interceptações telefônicas dos acusados. As escutas indicam, entre outros dados, que o ex-policial civil Hilário Frasson ligou para a ex-mulher horas antes do crime.
No celular dele também constatou-se que havia apagado o contato do lavrador Valcir da Silva Dias, apontado como intermediador do assassinato.
As informações foram compartilhadas pelo investigador Igor de Oliveira Carneiro, segunda testemunha de acusação a prestar depoimento nesta terça-feira (24). Ele esteve envolvido nas investigações do caso, sobretudo nas interceptações das ligações dos réus. Acompanhe o julgamento em tempo real aqui.
As escutas telefônicas foram feitas de janeiro a setembro de 2017 e serviram para estabelecer os contatos e vínculos entre os acusados.
Além de Hilário e Valcir, também são acusados do crime: Espiridião Frasson (mandante), Hermegildo Palauro Filho, o Judinho (intermediador), Dionathas Alves Vieira (executor), Bruno Rodrigues Broetto (apoio).
O investigador relatou que Hilário fez uma ligação para Milena e, na sequência, para Espiridião Frasson, seu pai e também um dos acusados de mandar executar o crime. Em seguida, Espiridião entrou em contato com Valcir, que estava no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam).
Na sequência, Milena foi baleada na cabeça enquanto conversava com uma amiga no estacionamento da unidade de saúde, situada em Maruípe, Vitória.
Essa interceptação, segundo Igor Carneiro, deu início à investigação e norteou a participação dos réus no crime.
O investigador ressaltou que Valcir tinha contato com todos os réus e eles falavam muito entre si. As interceptações apontaram que, de janeiro a setembro de 2017, foram verificadas 68 chamadas entre Esperidião e Valcir; 42 entre Dionathas e Hermenegildo (Judinho); 63 entre Hilário e Valcir; e 310 entre Valcir e Hermenegildo (Judinho).
Depois, com a prisão de Dionathas, que confessou ter atirado em Milena, ele confirmou o envolvimento de Valcir e também de Hermegildo como intermediários - cuja participação já era demonstrada pelas interceptações.
"Em relação ao Hilário, um dia antes do crime, ele apagou do telefone o número do Valcir, o que chamou a nossa atenção", acrescentou Igor, no depoimento.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hucam. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, Hilário teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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