As obras planejadas pela Prefeitura de Vila Velha para revitalizar a Prainha sofreram embargo nesta sexta-feira (26) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com ordem de serviço autorizada desde o mês passado, as obras já tinham começado, inclusive com registro de movimentação de caminhões na área do sítio histórico. Nos planos da prefeitura, estava a criação de uma área exclusiva para grandes eventos, como shows e apresentações culturais.
No documento de embargo do Iphan consta que o projeto de readequação em curso do Parque da Prainha foi impedido porque é uma obra no entorno do bem tombado Convento da Penha e não tinha autorização prévia do instituto.
Moradores da região eram contrários às obras da prefeitura, tendo afirmado, inclusive, que não foram ouvidos pela administração para opinarem sobre os planos para o local. A presidente da Associação de Moradores do Centro de Vila Velha, Maíra Sassi, disse que há dois anos a comunidade quer que algo seja feito no local para fomentar o turismo.
Morador da Prainha, Julio Cesar Valadares Brahim conta que, na tarde desta sexta-feira (26), visualizou os carros do Iphan próximo à obra e foi até o local para saber o que estava acontecendo. Segundo ele, a engenheira responsável pela obra não quis assinar o documento do embargo. O morador relata ainda que as servidoras do Iphan alegaram, no momento do embargo, que o órgão tinha 45 dias para analisar a proposta da prefeitura, período que não tinha vencido. Por isso, ainda não há licença para para a obra.
"Vou protocolar na segunda-feira um ofício ao Ministério Público do Espírito Santo e na promotoria de meio ambiente, solicitando mais uma vez uma reunião do município com a comunidade para discutir um projeto para a Prainha que atenda a todos", afirma Julio Cesar.
Na ideia da prefeitura para o espaço, estava prevista a construção de área exclusiva para grandes eventos, como shows e apresentações culturais, pista de caminhada e corrida, parquinho das crianças, área gastronômica, fonte interativa de águas dançantes, academia, ampla área de piquenique e circulação, além de banheiros de alvenaria.
Por sediar eventos da cidade, a reforma vai abranger ampla área de food e beer trucks — caminhões de comida e cerveja —, compondo o espaço para alimentação, infraestrutura para motorhome, parquinho infantil, academia popular e plataforma multi estação, espaço pet cercado, grandes áreas gramadas para a realização de piqueniques.
Mas o desejo da comunidade tende mais para um projeto que foi apresentado por estudantes da Ufes, que prevê uma revitalização de todo o sítio histórico e não só do Parque da Prainha. Na proposta, da universidade, há espaços dedicados à prática esportiva, criação de uma rua compartilhada no entorno da Igreja do Rosário com espaço de convivência, circuito gastronômico, jardim sensorial, mirante, áreas de valorização do comércio local e colônia de pescadores e a até a volta de um bonde para circular internamente pelo sítio histórico (confira abaixo).
A prefeitura foi procurada para comentar a decisão do Iphan, mas informou que as obras continuam. "A prefeitura não foi notificada pelo Iphan", disse a administração, por meio de nota.
A reportagem também aguarda o retorno do Iphan com mais motivos sobre o embargo.
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