Faz uma semana que os capixabas vivem sob medidas socioeconômicas mais restritivas, cujo objetivo é diminuir a interação entre as pessoas para interromper a cadeia de transmissão do coronavírus e, consequentemente, reduzir o número de casos confirmados, internações e mortes.
Um dos índices que o Governo do Espírito Santo usa para analisar o período é o isolamento social. Na comparação desta semana de quarentena com a anterior, houve uma pequena melhora, mas ainda longe do mínimo necessário. Segundo informações disponíveis no site Inloco, o mesmo utilizado pelo Governo Estadual, na semana passada o índice de isolamento no Espírito Santo foi de 32,08%, ou seja, de cada 10 pessoas, cerca de três ficaram em casa. Já nesta semana de quarentena, o índice aumentou para 39,71%, ou seja, de cada 10 pessoas, quase quatro ficaram em casa.
O nível atingido segue abaixo do esperado pelo Estado, que seria de 50% de isolamento, correspondendo a metade da população em casa — ou cinco em cada 10 pessoas — e muito longe ainda do índice considerado ideal pelos especialistas, que seria de 70%, ou sete em cada 10 pessoas.
Os maiores índices de isolamento social em território capixaba aconteceram durante o sábado (20) e o domingo (21), conforme um comportamento natural já observado aos finais de semana, quando as pessoas costumam ficar mais tempo em casa. Somente nesses dois dias, o patamar superou os 40%, ou seja: de cada 10 pessoas, quatro efetivamente ficaram em casa.
Desde o início da quarentena, a expectativa era de que um efeito mais significativo fosse sentido a partir da segunda-feira (22), primeiro dia sem aulas presenciais em escolas públicas e particulares. Justamente na data, houve o maior índice das duas semanas, se considerados apenas os dias úteis.
Diretor do Instituto Jones dos Santos Neves (ISJN), Pablo Lira afirma que a melhora percebida no isolamento social já contribui para diminuir o contágio e a pressão no sistema de saúde no Estado. Porém, ele afirmou que o percentual ainda está "um pouco distante do ideal" e é preciso melhorá-lo.
"A expectativa é que, com mais fiscalização e conscientização das pessoas, esse número aumente ao longo da semana e chegue no patamar de 50% ou 55%. Quanto maior a adesão popular, maior o efeito na redução de outros índices da pandemia, que tende a ser percebido sempre 14 dias adiante", explica o pesquisador.
Segundo ele, durante a primeira onda da Covid-19, o índice de isolamento social no Espírito Santo foi maior, chegou a 65%. "Sabemos que o nível de desgaste das pessoas está maior, afinal já decorreu um ano de pandemia, mas é muito importante o dever cívico: evitar aglomeração, usar máscara e exercer a empatia", ressalta.
Questionado se atingir esse índice durante a quarentena seria o suficiente para evitar encerrá-la no final do mês, sem sofrer com o colapso, Pablo Lira diz que depende. "Estamos adotando medidas para superar esse momento crítico, mas precisaremos analisar outros indicadores como taxa de transmissão e de ocupação de leitos", esclarece.
Nos dias anteriores à quarentena, o Espírito Santo figurou sempre entre os três piores do país no ranking de isolamento social. No dia 17 de março, exatamente um dia antes, assumiu essa liderança negativa, com apenas 30% da população permanecendo em um raio de até 100 m de casa. Desde o início do mês, o Estado só teve um dia de isolamento social melhor que a média nacional.
Todos os dados utilizados nesta reportagem por A Gazeta considera as informações disponíveis no site Inloco, o mesmo utilizado pelo Governo Estadual para acompanhar o índice de isolamento social no Estado. É importante destacar que a coleta dessas informações respeita a Lei de Proteção de Dados.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta