O Espírito Santo recebeu nesta quinta-feira (24) o primeiro lote da vacina Janssen, com 31.550 doses que foram distribuídas aos quatro maiores municípios da Grande Vitória para aplicação em até 48 horas. Por essa razão, as cidades já organizaram os agendamentos para atender o público com o imunizante contra a Covid-19 no prazo recomendado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
A concentração dessas doses na região metropolitana e o curto período de utilização deve-se à data de validade do imunizante: o prazo expirava, inicialmente, no domingo (27), e agora foi estendido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até 8 de agosto. Mesmo assim, a Sesa orientou a usar as doses respeitando o prazo original. Em remessas futuras, as doses serão proporcionalmente distribuídas aos demais municípios, tal qual ocorrem as distribuições dos demais imunizantes.
Primeira vacina em dose única a ser incorporada ao Plano Nacional de Imunização (PNI), a Janssen deverá ser utilizada, também conforme orientação da Sesa, no público por faixa etária.
Confira a programação dos municípios:
O município de Vitória abre, nesta quinta-feira (24), dois agendamentos. Para pessoas de 40 anos ou mais, a partir das 17 horas, e para 35 anos ou mais, a partir das 18 horas. A cidade recebeu 7.020 doses da vacina Janssen, mas não indicou em que grupo etário deverão ser usadas. Para tentar uma vaga, com este ou outro imunizante que estiver disponível, o público deve acessar o link do Agendamento Vitória, ou o aplicativo Vitória Online.
Cariacica, por sua vez, abre logo mais, às 18 horas, agendamento exclusivo para a vacina Janssen. O agendamento de 7.070 doses será voltado a pessoas sem comorbidades, com 40 anos ou mais. A imunização com as vacinas da Janssen já acontece nesta sexta (25), em unidades básicas de saúde. A marcação deve ser feita pelo site Vacina Cariacica.
A secretaria da Saúde informa que a Serra vai receber 8.670 doses da Janssen, que serão incorporadas ao estoque de imunizantes disponibilizado diariamente na campanha de imunização contra a Covid-19. Todas as doses serão aplicadas no prazo e não haverá agendamento exclusivo para este fabricante. O próximo agendamento previsto no município é nesta sexta-feira (25), no seguinte endereço: Serra.
O município de Vila Velha sempre abre agendamentos às quintas e sextas-feiras, às 15 horas, pelo link Vacina Vila Velha, mas, para atender o público com a vacina da Janssen, haverá um agendamento excepcional nesta quinta-feira (24), às 20 horas, para a população de 40 anos ou mais. Serão 8.500 doses para serem aplicadas no sábado (26) e ao longo da próxima semana.
Por se tratar de uma vacina nova no país, a Janssen ainda provoca dúvidas sobre eficácia e segurança, sobretudo por se tratar de um imunizante em dose única. Para tentar esclarecer alguns dos questionamentos mais frequentes, A Gazeta reuniu informações sobre o produto. Confira:
A vacina, chamada de Ad26.CoV2.S -abreviação para adenovírus 26 Sars-CoV-2 proteína S-, é produzida a partir do adenovírus 26 (vírus de resfriado comum) modificado. Os cientistas inseriram no material genético do adenovírus a sequência responsável por codificar a proteína S (a espícula do vírus utilizada para entrar na célula do hospedeiro). O adenovírus também é modificado para ser incapaz de se replicar. Dentro do organismo, o adenovírus modificado entra nas células humanas e libera o seu material genético no núcleo celular. Ali, o código genético é lido e transformado em RNA mensageiro, que vai então ser transcrito para produzir a proteína S. A célula então passa a exibir uma estrutura igual à proteína S na membrana celular. O sistema imune reconhece essas partes do vírus como um potencial invasor e começa a produzir anticorpos específicos e células de defesa. Ao entrar em contato com o vírus verdadeiro, o organismo já estará preparado para combater o patógeno.
A vacina da Janssen tem eficácia global de 66% contra casos sintomáticos de Covid-19, 28 dias após a imunização. O estudo avaliou mais de 44 mil participantes em oito países: África do Sul, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, EUA, México e Peru. Já em relação à proteção contra hospitalização, a vacina apresentou uma eficácia 28 dias após a aplicação de 86% nos Estados Unidos, 88% no Brasil e 82% no subgrupo sul-africano. Não houve uma eficácia calculada de proteção contra mortes porque o número de óbitos foi muito baixo. Na África do Sul, onde ocorreram 16 óbitos -nenhum no grupo vacinado-, a eficácia foi estimada em 100%.
Nos estudos de fase 3, a vacina da Janssen apresentou a menor taxa de efeitos adversos em comparação aos outros imunizantes testados, e 48,6% dos participantes reportaram efeitos leves, como dor no local da aplicação. O segundo efeito colateral mais frequente foi dor de cabeça (38,9%), e apenas 0,4% relataram eventos adversos graves, com necessidade de hospitalização.
O estudo incluiu 14.672 participantes (ou um terço do total) com 60 anos ou mais. Em relação à hospitalização, a eficácia da vacina foi de 82% após 28 dias de imunização. O nível de segurança da vacina também foi elevado, com 36% reportando efeitos colaterais, sendo o mais comum dor no local de injeção. Apenas 0,4% relataram efeitos adversos de grau 3 ou mais no local da injeção e 1,1% apresentaram efeitos adversos sistêmicos, como dor de cabeça, fadiga e mialgia. Dados de imunogenicidade (capacidade de induzir resposta imune) do estudo de fase 2 apontam que a vacina induz uma boa produção de anticorpos nos indivíduos com 65 anos ou mais, com 100% deles apresentando anticorpos 29 dias após a imunização.
A vacina da Janssen possui uma boa taxa de proteção nos primeiros 14 dias após a vacinação, de 66,9% contra casos moderados a 77% contra casos graves de Covid-19. Já nos 28 dias seguidos após a imunização, a vacina confere proteção de 66% contra casos moderados, 85,4% contra casos graves e 100% contra hospitalização. A incidência de novos casos também apresentou queda nos 14 dias após a vacinação, indicando proteção precoce da vacina. A incidência de novos casos continuou a apresentar queda no grupo de vacinados até o 84º dia após a vacinação, o que indica uma boa duração da resposta imune. Em geral, os casos de Covid-19 no grupo de vacinados foram leves e com sintomas menos graves em comparação ao grupo placebo, indicando também que a vacina confere proteção contra o desenvolvimento da doença. De acordo com dados das fases 1e 2 de estudo, em que se avaliou a segurança e a imunogenicidade do imunizante, 98% dos participantes apresentaram anticorpos 29 dias após a vacinação.
A vacina da Janssen foi testada na África do Sul no momento em que uma nova variante, a B.1.351 (também chamada de Beta) surgiu no país e conseguiu proteger contra casos graves e hospitalização, embora a proteção para casos sintomáticos tenha sido ligeiramente menor em comparação aos outros países (52% contra 66%). Os pesquisadores sequenciaram as amostras dos casos positivos de Covid identificados durante o ensaio clínico e viram que mais de 94% deles eram pela variante Beta. A eficácia da vacina foi de 64% para casos moderados e de 82% para casos graves 28 dias após a imunização. Já no Brasil, a variante dominante na época do estudo era a P.2, e foi identificada em 69,4% das amostras sequenciadas de Covid. Não há dados da vacina para as demais variantes.
Muito conhecida pelos produtos farmacológicos e de higiene, a Johnson & Johnson, através do seu braço farmacêutico Janssen, surpreendeu e saiu à frente de muitas fabricantes de vacinas renomadas, como a Sanofi Pasteur e GSK, no ano passado. De origem belga-americana, a Janssen produziu a vacina de vetor viral não replicante em uma parceria com o Centro Médico Beth Israel Deaconess, um dos mais renomados centros hospitalares de estudo, ligado à Escola de Medicina de Harvard.
A vacina da Janssen já recebeu autorização para uso em 52 países, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido e membros da União Europeia. No Brasil, a Anvisa concedeu autorização para uso emergencial da vacina em março. Apesar da autorização, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos sugeriu que mulheres com menos de 50 anos fiquem atentas para o surgimento de coágulos associados à baixa contagem de plaquetas após a vacinação. A medida não é restritiva e não há nenhuma condicionante para o uso do imunizante no país. A OMS também aprovou a vacina da Janssen, o que abre caminho para que muitos países recebam o imunizante via Covax Facility. Até o último domingo (20), a Janssen estava em uso em 27 países, segundo o site Our World in Data.
Com informações da Agência Folhapress
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta