A mais que conhecida música É Uma Partida de Futebol, do Skank, reflete o sonho de muitos meninos e meninas país afora que almejam um dia brilhar nos campos do Brasil e do mundo. Entre tantos sonhadores, está Darciano Tiago Mendonça, hoje com 31 anos, mas que teve medo de ter o sonho interrompido depois de ter um braço amputado após um acidente de carro.
Na canção, o Skank pergunta: quem não sonhou em ser um jogador de futebol? No caso de Darciano, esse é um sonho que vem desde criancinha, quando tinha 7 anos e corria pelos campos de Pancas, município do Noroeste do Espírito Santo, onde vive.
Tiago dividia o trabalho como motorista de caminhão caçamba e a carreira como jogador, que o acompanhou até a vida adulta, mas em 2015, após se envolver em um acidente de carro no interior do município, tudo passou a ser dúvida.
“Eu estava indo para a roça, na estrada que vai para Vila Verde e liga a cidade aqui a Mantenópolis. Chegou em um ponto que capotei com o carro e desci uns 40 metros no mato, fiquei escondido no buraco”, conta.
Após o acidente, Tiago ficou preso às ferragens do automóvel por cerca de 14 horas. Como o local onde o carro caiu ficava no meio do mato, quem passava pela pista não enxergava o veículo capotado com Tiago dentro.
Depois de horas desaparecido e sem chegar ao sítio da roça, os familiares começaram a procurar por Tiago. A namorada, Angelica Cristina Lauvers, começou a fazer orações e foi de carro fazer o percurso que Tiago havia percorrido.
“Ela fez uma oração, veio pela estrada e passou uns 200 metros de onde eu estava. Depois voltou e conseguiu me achar. Ela com uns três amigos meus viraram o carro e conseguiram me retirar. Eu estava consciente”, afirma.
Após ser resgatado, o jogador foi levado para um pronto-socorro de Pancas e depois encaminhado ao Hospital Silvio Ávidos, em Colatina, também no Noroeste do Espírito Santo.
Tiago conta que sua preocupação quando foi internado em Colatina era sobreviver. “Não estava pensando se iria perder algo. Queria apenas sobreviver”.
A equipe médica conversou com o jogador e mesmo tentando todos os procedimentos para a recuperação do braço, perceberam que a infecção estava próxima de atingir outros membros do corpo.
Após a perda do braço, o medo de Tiago era não ter uma vida normal, ficar dependente dos familiares e não poder mais jogar. Mas o medo ficou para trás e seis meses depois ele voltou aos campos, foi campeão com o time Nilton Sá e eleito o segundo melhor jogador na posição de meio-campo em um campeonato de futebol society do município.
“Seis meses depois eu já estava jogando. Achei que nunca mais ia poder jogar, mas consegui. O pessoal me aceitou super bem. Não teve preconceito”, conta.
Seis anos após o acidente, Tiago afirma que leva hoje uma vida normal. Não conseguiu recuperar o emprego como motorista, mas tem buscado se capacitar.
Sobre sonhos para o futuro, Tiago conta que, além de continuar no futebol, quer casar e ter filhos com a namorada que o resgatou em 2015.
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