Era julho de 2020 quando os moradores da Rua São João, na Vila Rubim, saíram ao portão para rezar e comemorar o que chamaram de milagre. A celebração na via com nome de santo marcava o regresso de Tainá Xavier, a vizinha de então 13 anos que voltava para casa após 21 dias internada, 15 deles na UTI em estado grave. Até receber emocionada a homenagem regada a fogos, ave-maria, palmas e buzinaço no bairro de Vitória, a jovem estudante travou uma árdua batalha pela vida contra a Covid-19.
Nas três semanas no hospital, a sequência de notícias não era nada animadora: infecção alastrada, parada cardíaca, convulsão, falta de ar fortíssima, intensa dor nos pulmões ao respirar, ardência e secreção inflamatória nos olhos, perda dos movimentos de braços e pernas em decorrência do comprometimento das funções neurológicas. Como Tainá, coroinha da Catedral Metropolitana e devota de Nossa Senhora da Penha, conseguiu reverter um quadro de imobilidade dos membros e alto risco de morte, a mãe, Vanusa Xavier, 45, não tem dúvidas: “Foi por meio de uma graça operada por Jesus com a intercessão da padroeira.”
“Eu vi minha filha indo embora, morrendo. Nos meus braços, ela chegou a se despedir de mim e até me pediu desculpas por qualquer coisa que tivesse feito. Logo ela, tão obediente! Então, virou os olhos e apagou. Os dedos estavam roxos. Percebi que tinha de fazer a entrega. Conversei com Jesus. Se eu merecesse, que Deus a devolvesse para mim, mas, se ela tivesse cumprindo a missão aqui na terra, que o Senhor me desse o conforto, pois eu não saberia como viver mais. Estávamos no hospital. Os médicos conseguiram reanimá-la. Foi o primeiro milagre”, lembra Vanusa, aos prantos.
Era a terceira vez que a mãe vivia o drama da Covid-19 de forma tão próxima e ameaçadora. Em maio, o marido foi contaminado e, há um ano, no início da pandemia, ela mesma viu seu organismo ser atacado pela doença. Sua cura tornou-se um longo processo. “Foram tempos de isolamento, de incertezas, de tristeza, mas também de novenas a distância com os irmãos da Igreja e de muita reza”, contou à época, em entrevista para A Gazeta.
Nos 20 dias que antecederam à parada cardiorrespiratória de Tainá no hospital, a jovem já havia sido diagnosticada com o novo coronavírus e logo apresentou como primeiro sintoma a falta de ar. As idas e vindas para o atendimento médico eram frequentes, mas sem internação. No 21º, a situação se agravou. Vieram a crise, a entrada diretamente na UTI e a batalha mais dura pela sobrevivência.
“Os pulmões estavam severamente danificados. Minha filha não conseguia respirar por conta própria, só com o auxílio no balão de oxigênio. Pelo WhatsApp, eu informava as pessoas nos grupos católicos de que participo sobre o estado de saúde dela e pedia orações. Rezava a todo momento. Tainá, aliás, era o resultado de um milagre desde que foi concebida. Eu não conseguia engravidar. Havia sofrido um aborto antes da gestação dela. É minha única filha. Ela tem uma ligação com Nossa Senhora da Penha desde quando estava minha barriga. Eu consagrei minha filha à Virgem”, ressalta Vanusa.
Duas semanas se passaram e a adolescente finalmente deixou a unidade de terapia intensiva. Mas o desafio ainda não havia chegado ao fim. A jovem continuava sem andar e tinha de respirar por um cateter. Parecia tudo muito insólito para a família da coroinha, que era goleira de futebol, praticava Educação Física na escola e, pela idade precoce, em princípio não seria alvo fácil do vírus.
Transferida para a enfermaria, Tainá ainda não se mexia. Era preciso fazer uma ressonância magnética para chegar ao diagnóstico e avaliar a situação. Foi então que “o outro milagre aconteceu”, segundo a própria estudante.
Frequentadora assídua do Convento e da Festa da Penha, a família tem muito a celebrar as bênçãos alcançadas ao longo de 12 meses. Assim como no ano passado, para agradecer, a devoção à Nossa Senha será ainda mais fortalecida no mês de abril, assistindo à programação do Oitavário. “A fé nos move e nos sustenta. Sem ela, nada faz sentido”, conclui Vanusa.
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