A pastora Juliana Alves Sales, mãe das crianças Kauã Sales Butkovsky, 6 anos, e Joaquim Sales Alves, 3 anos, que morreram em um incêndio em Linhares, em abril de 2018, afirmou em interrogatório que acredita na hipótese de que Georgeval Alves, que deve ir à júri popular a partir da próxima segunda-feira (3), “surtou, enlouqueceu” e "fez alguma coisa".
As declarações foram dadas por Juliana ao Ministério Público Estadual (MPES) em 2019, ano seguinte à tragédia em Linhares, mas só se tornaram públicas nesta sexta-feira (31).
Podcast Madrugada de terror: a morte de Kauã e Joaquim conta em três episódios tudo que se sabe sobre a tragédia que vitimou os meninos e tornou o pastor Georgeval, padrasto e pai das crianças, respectivamente, como suspeito de assassinato. Ouça a história aqui.
“Eu não sei o que aconteceu... Se ele (Georgeval) surtou, o que aconteceu. Eu só consigo acreditar nessa hipótese, de que ele surtou, enlouqueceu e fez alguma coisa. Porque não me desce. Não tem nenhum relato de que eles tinham aparecido com manchas. Kauã sempre chamou ele de pai”, declarou Juliana, aos prantos.
Georgeval é acusado de ter violentado sexualmente, torturado e colocado fogo nas crianças na madrugada de 21 de abril de 2018, dentro da casa onde a família morava, em Linhares. No dia do incêndio, Juliana estava fora da cidade e não há acusações contra ela na Justiça.
Durante o interrogatório filmado, Juliana também relatou que quer descobrir o que realmente aconteceu naquele dia. Ainda disse que, se tivesse qualquer indício do que aconteceria com os seus filhos, não teria viajado para Teófilo Otoni, Minas Gerais. A pastora também conta no vídeo que, embora não tenha sofrido abuso físico por parte de Georgeval, ele era muito áspero com ela.
As declarações dela serão usadas pela acusação durante o Tribunal do Júri, marcado para a próxima segunda-feira (3), para obter a condenação do pastor Georgeval. Síderson Vitorino e Lharyssa Almeida, ambos advogados de acusação, acreditam que o processo está completo de provas técnicas irrefutáveis capazes de evidenciar a culpabilidade do acusado.
Por nota, o MPES diz que a expectativa é de condenação do acusado em todos os crimes com pena máxima. Considerando a maior penalidade prevista em lei para os três crimes dos quais é acusado (duplicadas porque teriam sido cometidas contra duas vítimas), Georgeval pode ser sentenciado a até 130 anos de prisão.
Em entrevistas e nos depoimentos que constam no processo judicial, Georgeval sempre negou as acusações. Por meio de nota, a defesa do réu informou que se manifestará sobre os fatos “na presença do Egrégio Conselho de Sentença, por ocasião da sessão de julgamento, em atenção ao princípio da plenitude de defesa”.
Nesta sexta-feira (31), a defesa de Georgeval entrou com um pedido de desaforamento do júri, marcado para a próxima segunda-feira (3). A solicitação, que foi protocolada na quinta-feira (30) no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), tem o objetivo de mudar o julgamento de cidade.
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