O laudo de exame cadavérico de Helena Polonini Castelari, bebê de nove meses de Vargem Alta, no Sul do Estado, cuja morte estava sendo investigada pela Polícia Civil, apontou que a causa do óbito não foi determinada. Para a avó da menina, Kátia Barroso Ribeiro, é um alívio poder contar às pessoas que a morte da neta não foi por conta de violência ou abuso sexual.
Além de não determinar a causa da morte de Helena — que, conforme diz no documento "Durante os fatos colhidos durante a necropsia, a causa da morte foi não determinada" — o laudo não detectou a presença de espermatozoides nem de Antígeno Prostático Específico (PSA) na região anal e vaginal da menina. O exame externo, ainda segundo diz o laudo, não identificou lesões externas sugestivas de violência. Já o exame interno não evidenciou fraturas na calota craniana.
A Polícia Civil explicou, em nota, que "a perícia não constatou nenhuma marca de violência, logo não tinha hematomas".
Em entrevista realizada à repórter Bruna Hemerly, da TV Gazeta Sul, a cabeleireira Kátia Barroso Ribeiro contou que o laudo da perícia saiu há alguns dias, porém, o delegado à frente do caso queria concluir o inquérito para entregar à família. “A polícia confirmou que não houve violência, não houve abuso. Foi uma fatalidade”, afirmou a avó de Helena.
Segundo a cabeleireira, nesta quinta-feira (2), o delegado conversou com ela sobre o resultado do laudo. Kátia disse que o médico legista não conseguiu determinar a causa da morte da bebê. “O delegado disse que, quando o médico legista coloca no laudo 'causa da morte indeterminada’, pode ser um mal súbito que a pessoa teve. E em qualquer situação, a criança poderia falecer, nos braços da mãe, por exemplo, então nada do que foi cogitado foi constatado sendo verdade”, comentou.
A avó da menina disse que acredita que agora o inquérito vá para a promotoria, mas a parte da polícia já está finalizada. “O delegado disse que o que tinha que ter sido feito, foi feito”, explicou à reportagem.
Quando o caso do dia 9 de março foi divulgado, a Polícia Militar (PM) informou que foi acionada pelo Hospital Padre Olívio, no bairro Boa Esperança, e a equipe médica informou que a criança chegou à unidade no colo da mãe, visivelmente desfalecida, com palidez cutânea evidente e sem vida.
De acordo com a PM, a equipe comunicou que, após atestar o óbito, observou que a bebê apresentava hiperemia (vermelhidão) na região da base do crânio, pequeno hematoma (presença de área roxa causada por um trauma) na região púbica bilateral de coloração amarronzada, além de dilatação vaginal e anal.
Contudo, no dia 22 de março, a Polícia Civil informou que, na época, o laudo ainda não estava concluído, no entanto, os exames preliminares descartavam a possibilidade de abuso sexual.
Kátia explicou que, embora o laudo tenha sido concluído, o que ficou foi uma dor muito grande que a família está sentindo pela perda de Helena, assim como a dor devido aos transtornos que a morte da menina causou.
A cabeleireira informou que, além de lidar com o sofrimento do luto, a família também sofreu com os julgamentos das pessoas. “Todo mundo tem um lado por trás da história, as pessoas julgam muito sem procurar saber a verdade dos fatos”, pronunciou.
A avó da menina explicou que, no lugar em que mora, ela e a família são muito conhecidas na região e, quando foi divulgada a notícia da morte da bebê, muitas pessoas desconfiaram deles. Logo, sofreram por conta do preconceito da suspeita que a sociedade impôs na época. “As pessoas chegaram ao meu genro e falaram: ‘Você é um monstro, olha o que você fez com a sua filha. Você matou a sua filha’”, recordou.
Para a avó de Helena, é um alívio poder esclarecer esse caso. “Para mim, que convivi com minha neta e convivo com minha filha, eu sei da verdade, mas é um alívio poder mostrar para a sociedade, porque antes de julgar uma situação, é preciso lembrar que temos que ter amor no coração”, destacou.
Ela disse que para a mãe da menina, o resultado do laudo também foi um alívio. “Para poder provar para a sociedade que ela não é nada aquilo do que eles julgaram”, disse a cabeleireira.
A cabeleireira contou que a filha dela tem outras duas filhas, irmãs da criança que morreu, de 2 e 7 anos. Segundo Kátia, a vida ficou muito difícil após a morte da bebê, que era a caçula.
Kátia informou que a dor é tão grande na família que prejudicou até as irmãs da bebê. “Para ter uma ideia, a menina de dois anos está fazendo tratamento psicológico. E minha neta de sete anos não consegue ter concentração na escola, de tão abalada”, relatou.
Apesar da dor, Kátia e a família acreditam que a divulgação do laudo descartando que a neta tenha sofrido abuso sexual trará forças para seguirem em frente. “A dor da perda a gente nunca vai conseguir consolar, mas, devagar, Deus vai dando força”, concluiu.
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