Moradores do bairro Itaparica, em Vila Velha, ficaram intrigados com a presença de dois animais em um terreno baldio na Avenida Estudante José Júlio de Souza. Eles tinham um comportamento no mínimo curioso para habitantes de uma cidade: ficavam escondidos na vegetação e só saiam à noite para se alimentar. Por isso, vizinhos desconfiaram que se tratava de um casal de lobo-guará abandonado.
Lúcia Bonfim, que mora em um prédio vizinho ao terreno, contou que raramente é possível ver os animais de dia. "Começaram a aparecer os bichinhos que a gente acha que é um casal de lobos-guará. Eles fizeram uma toca e só saem da toca 1h da manhã. Eles saem, atravessam a rua, bebem água, ficam caçando na restinga e voltam para o terreno", disse.
Ela afirmou que tentou contato com órgãos de proteção ambiental e a Prefeitura de Vila Velha, mas ninguém foi averiguar do que se tratava. "Ninguém toma providências, ninguém faz nada. O meu medo é que esses bichinhos morram, afinal de contas é da nossa fauna, dá uma pena", lamentou.
Diante da possibilidade de se tratar de uma espécie que corre risco de extinção, a Polícia Militar Ambiental afirmou que foi até o local na última segunda-feira (4), mas que não encontrou os animais. A Guarda Municipal de Vila Velha também foi acionada, mas os agentes também não conseguiram localizar os bichos.
Lúcia acionou o Instituto Últimos Refúgios, projeto de proteção e conscientização ambiental capixaba, e mandou as imagens que fez do casal de animais. O presidente do instituto, Leonardo Merçon, explicou que se tratam de cachorros-do-mato, espécie típica da fauna do Espírito Santo.
"Eram cachorros-do-mato, que também fazem parte da fauna silvestre brasileira e são protegidos por lei. Os dois (o lobo-guará e o cachorro-do-mato) são canídeos, são espécies brasileiras, só comem frutas, pequenos mamíferos e pequenas aves e não fazem mal aos seres humanos, mas muito diferentes entre si. O único nativo aqui do Espírito Santo é o cachorro-do-mato, o lobo-guará é do Cerrado. Aqui no Estado estamos inseridos no bioma da Mata Atlântica", disse.
Leonardo ressaltou, porém, que há ocorrência do aparecimento de lobos-guará no Espírito Santo, muito por conta da destruição do Cerrado. O presidente do Instituto Últimos Refúgios explicou que já houve registros de aparições da espécie — que está ameaçada de extinção — em Sooretama, no Norte do Estado, e na divisa entre o Espírito Santo e Minas Gerais.
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