Desde março de 2020, mais de 4 mil famílias se despediram de alguém que amava, no Espírito Santo. O que todas elas têm em comum é a causa da tristeza: o novo coronavírus. Profissionais respeitados, filhos amados, mães e pais dedicados. A Covid-19 não escolhe um único perfil e por onde passa deixa um rastro de dor e saudade.
Passaram-se nove meses desde que o primeiro caso confirmado de Covid chegou ao Espírito Santo e oito meses desde o registro da primeira morte pela doença. De lá para cá, até este domingo (15), mais 4.009 pessoas perderam sua vida para esse vírus. Só nas últimas 24 horas, foram 11 novas vítimas fatais.
A Covid-19 vem provando, infelizmente, a cada dia, que é uma doença imprevisível, cujos sintomas variam de infecções assintomáticas a quadros graves, que podem levar à morte ou às sequelas permanentes.
Segundo os dados do painel Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), até este domingo (15), 169.928 pessoas foram infectadas pelo coronavírus no Estado. Desse total 157.848 estão curadas da doença. Outras 4.009 doentes, porém, não tiveram a mesma sorte.
Uma dessas pessoas que deixaram saudade foi o ex-diretor escolar de Linhares Jocival Marchiori. Ele faleceu no dia 9 de abril aos 55 anos e foi a primeira vítima do coronavírus no município de Linhares. No site Inumeráveis (memorial dedicado à história de cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil) uma ex-aluna dele chamada Eloana Costa de Morais lembra que Jocival acreditava que a educação de qualidade mudava vidas.
Ele era um defensor da educação pública de qualidade, do poder da juventude e como a união desses dois fatores mudavam vidas das pessoas. Formou gerações, era respeitado e amado, contou.
Outra vítima da Covid-19 foi o tenente da Polícia Militar Marcos Jorge de França, 50 anos, morador da Serra. Ele chegou a ser intubado e ficou em coma induzido no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. Morreu no dia 29 de abril, nove dias após dar entrada no hospital. Ele tinha pressão alta e diabetes e fazia parte do grupo de risco da doença.
Diante da perda, em entrevista à A Gazeta, Gregory Ramos de França, filho do tenente fez um apelo. Essa doença é coisa séria. As pessoas estão levando na brincadeira, com aglomerações na rua. Não é só uma gripezinha. Temos que nos cuidar. Quem puder, fique em casa.
Também na extensa e triste lista de vítimas que o coronavírus vem deixando está Zenidalva Aparecida Corona Majeski, de 52 anos. A moradora de Santa Maria começou a apresentar os sintomas no Domingo de Páscoa (12 de abril). Ela teve tosse e dor no corpo. Depois de uma semana, foi ao hospital da cidade e testou positivo no exame de sangue.
Após uma semana, com os sintomas persistindo, voltou ao hospital, porém, foi orientada a ficar isolada em casa. Dois dias depois, teve piora no quadro e foi internada. No dia 25 de abril faleceu no Hospital Dr. Jayme Santos Neves.
Uma bebê de 11 meses também foi vítima da Covid-19. Elena Mendes Silva tinha síndrome de Down e completaria um ano no dia 26 de junho. Diagnosticada com o novo coronavírus, ela ficou internada 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), mas não resistiu.
"A mensagem que quero passar para todo mundo é: pensamos que nunca vai acontecer conosco, mas o vírus está aí e é verdade. Tem que se cuidar mesmo, tem que usar máscara, álcool em gel, tem que tirar a roupa quando chegar da rua, tem que fazer isolamento. Porque, mesmo se cuidando, ainda corremos risco", alerta Maria Cristina Mendes Moraes, mãe da bebê.
Para se ter dimensão do que a Covid-19 é capaz, o total de óbitos pela doença, apenas no Espírito Santo, equivale à queda de pelo menos 23 aviões. O cálculo leva em consideração uma média de 170 passageiros sendo transportados em uma aeronave, nos modelos que estariam habilitados a pousar no Aeroporto de Vitória.
De acordo com dados do painel Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), até o dia 14 de novembro, o Brasil registrou 127 acidentes com aeronaves, em 27 deles tiveram mortes. Ao todo, 40 pessoas morreram.
Outro cálculo que mostra o tamanho da doença é a comparação com acidentes com ônibus interestaduais que transportam, em média, 50 passageiros a cada viagem. Desta forma, as vidas perdidas para a Covid-19, até o momento, lotariam 80 ônibus.
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