Um macaco bugio entrou em uma casa e derrubou várias taças e garrafas da área gourmet de uma residência em Fundão, na região Metropolitana de Vitória. A "invasão" ocorreu no último sábado (29), mas as imagens foram compartilhadas nesta terça-feira (1º). Em um vídeo (veja acima) feito pela moradora é possível ver o animal andando pela bancada e depois pulando sobre uma adega e até mesmo se pendurando na televisão.
De acordo com um biólogo ouvido pelo g1 ES, o macaco da espécie bugio ruivo é uma das mais ameaçadas de extinção do mundo devido à perda de habitat e tráfico de animais.
Nas imagens feitas pela corretora de imóveis, Rosilene Scaldaferro, ela comenta com o marido que o macaco aparenta estar doente. No total, seis taças e quatro garrafas de vinho foram quebradas.
O animal foi recolhido pela Prefeitura de Fundão e levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-Ibama). Segundo o órgão, o bugio estava debilitado e com uma infecção por larvas na cauda, passou por tratamento e segue internado no local, que fica no município da Serra, na Grande Vitória. Parte da cauda do animal vai precisar ser amputada e o bicho não tem previsão de alta.
No vídeo, o bugio anda pela bancada e pelo fogão, e depois vai até a adega de madeira, onde taças e outras garrafas de bebidas ficam na parte de cima. Ao tentar passar entre os objetos, o animal se desequilibra e cai, e algumas taças vão ao chão. O macaco tenta se segurar na televisão fixada na parede, começa a puxar os fios e o aparelho chega a balançar.
O animal se aproxima de outras garrafas na adega. Algumas tombam, mas não caem no chão. Ele sobe na geladeira e depois sai da área gourmet da casa.
A casa onde foi feito o flagrante do macaco fica em um condomínio de chácaras na região de Praia Grande. A corretora de 42 anos contou que mora no local há sete anos e que foi a primeira vez que um macaco entrou no imóvel. Ela estava com o marido no quintal quando viu o bicho indo em direção ao espaço gourmet, que fica em uma área aberta da residência.
"Na região em volta a gente vê nas árvores e escuta vários macacos bugios. Eles não se aproximam das casas, diferentemente dos saguis. Os saguis a gente sempre coloca fruta nas árvores e eles vão comer e chegam mais perto, outras aves também. Mas um bugio assim foi a primeira vez, nunca tinha acontecido", relatou. Rose disse ainda que o macaco parecia estar assustado e, ao tentar sair da casa, deixou um pequeno "rastro de destruição".
"O terreno é aberto, não tem muro. Era umas 16h quando vimos ele indo para a área da churrasqueira. Meu esposo até jogou uma banana, mas ele não comeu. Ele estava arisco, a gente deduz que ele se machucou e por isso se afastou dos outros", destacou.
Depois da aparição, a corretora e outros moradores ligaram para a Prefeitura de Fundão, para o Ibama e também Bombeiros, e o animal foi resgatado na manhã de segunda-feira (31).
O biólogo Saulo Ramos explicou que os bugios vermelhos são comuns em regiões de Mata Atlântica e são encontrados no Estado em várias reservas ambientais próximas do local onde o macaco foi registrado, como em Santa Teresa, na Região Serrana.
"Muito inusitado esse registro. Dá para ver que ele está com um ferimento na ponta da cauda e esses animais dependem muito dela para poder se pendurar e sobreviver, buscar alimento. E provavelmente devido ao ferimento e já debilitado, ele pode ter tentado buscar a presença de pessoas na esperança de ajuda, talvez", pontuou.
Ramos também apontou a importância da espécie para o meio ambiente, e que a frequência de animais silvestres em áreas urbanas está diretamente ligada ao desmatamento.
"São importantes para o ecossistema porque se alimentam de frutos e auxiliam na dispersão de sementes. Com a perda de habitat, os animais acabam buscando abrigo e alimento nas regiões urbanas. E aí que mora o perigo, pois essa espécie também já sofreu uma grande diminuição de população devido à febre-amarela", afirmou.
Além disso, o biólogo destacou que ao se deparar com um animal silvestre o essencial é não se aproximar, principalmente se houver indícios de que ele esteja doente e ligar o mais rápido possível para os órgãos de proteção ambiental.
*Com informações de Viviane Lopes do G1 ES
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