Não é preciso muito para ajudar o próximo. Basta tempo, dedicação e, nesse caso específico, um pouco de tecido, elástico e habilidade manual cinco coisas que Jéssica e Teresa Vieira Ramos têm dentro de casa, onde mãe e filha produzem diariamente dezenas de máscaras de tecido para doação.
Qualquer pessoa que passar pela rua em que elas vivem, no bairro Jardim da Penha, em Vitória, pode pegar uma para se proteger do coronavírus. Colado à grade da janela da residência, um cartaz feito em papel sulfite alerta para a possibilidade: Aqui tem uma artesã. Pegue sua máscara. É de graça.
A ação solidária começou na semana passada, por iniciativa da aposentada Teresa. Eu sempre trabalhei na área da saúde pública e sei da dificuldade, que é muito grande. Eu também sempre gostei e fiz artesanato. Como tenho uma máquina de costura em casa, essa era uma forma de eu conseguir ajudar, contou.
Pouco depois de a agulha perpassar o tecido pelas primeiras vezes, ela recebeu o apoio da filha. Como a minha mãe passou por uma cirurgia no braço e ficou com uma pequena limitação dos movimentos, ela corta o tecido e eu costuro, para agilizar o trabalho, explicou Jéssica, que é formada em Direito.
Embora nenhuma delas já tivesse confeccionado máscaras anteriormente, elas garantiram que a produção é simples para quem já fez bainha de calça e outras pequenas costuras. É fácil, não tem segredo, afirmou Jéssica. Juntas, elas estimam que conseguem produzir cerca de 50 unidades por dia.
Só nesta quarta-feira (29), foram 30 e o número, que por pura humildade das envolvidas foi considerado pequeno, é limitado por causa do espaço em que as máscaras são produzidas. A máquina fica em um terraço coberto, que é muito quente durante o dia. Então, só começamos por volta das 19h, explicou a filha.
Apesar da existência de um horário para começar, esse trabalho voluntário não tem hora para acabar. Ficamos lá até o meu pé cansar ou a máquina esquentar muito. Depois, eu desço, tomo banho e vou dormir, revelou a jovem.
Vivendo com uma renda limitada e com duas pessoas no grupo de risco, a família se preocupa com a quantidade e a variedade dos tecidos. Não temos muito mais e a maioria é floral ou infantil. Não tem masculinos, disse Teresa. Questionada se sabia quantas pessoas já tinha ajudado, a resposta revela o mais importante: não contei, só queria mesmo poder ajudar.
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