Acusadas de serem mandantes do assassinato da agricultora Thamires Lourençoni Mendes, que aconteceu em 30 de novembro de 2019, em Vargem Alta, Sulamita e Flávia de Almeida - mãe e filha - foram condenadas a 30 anos e 20 anos de prisão, respectivamente. O executor, Wilson Roberto Barcelos, conhecido como "Negão Chaquila", foi condenado a 23 anos de reclusão, em decisão divulgada nesta quinta-feira (2).
Conforme a decisão do julgamento, a motivação para o crime teria sido um triângulo amoroso entre Flávia, Thamires e o marido da vítima, Gedson Batista. O texto explica que Flávia seria apaixonada por Gedson - que é enteado de Sulamita - e que eles inclusive mantiveram um relacionamento amoroso, mas que nunca fora assumido. O período do relacionamento não é citado.
O texto da decisão aponta que, após Gedson deixar de se envolver com Flávia, ela passou a ter pensamentos suicidas e homicidas. Sulamita, então, teria ficado inconformada com a situação da filha e, juntas, passaram a tramar o assassinato de Thamires. A partir de então, elas entraram em contato com Wilson para executar a agricultora.
O pagamento pela morte de Thamires foi de R$ 3 mil, sendo metade pago antes do crime e a outra metade depois. O texto da decisão pontua que Flávia, que tinha conhecimento da rotina de Gedson por ter se relacionado com ele, orientou que Wilson simulasse um latrocínio, para tentar desviar a desconfiança dela e de Sulamita. Após atirar contra Thamires, Wilson roubou R$ 6 mil da vítima, que foi arrecadado com venda de legumes e verduras.
A reportagem de A Gazeta tentou entrar em contato com a defesa de Sulamita e Flávia, mas ainda não obteve retorno. Assim que houver um posicionamento, o texto será atualizado.
A sogra de Thamires, Rosa Batista, negou que o filho tenha traído Thamires e classificou as acusações como "calúnia". A suposta traição foi relatada em depoimento prestado à polícia por Sulamita (mais conhecida como Sula) e sua filha Flávia Almeida, presas por suspeita de envolvimento no crime. Flávia informou ainda que tinha um caso com o marido da vítima, Gedson. A sogra da vítima questiona a versão apresentada em depoimento por Sula e Flávia.
Ela garante ainda que o seu filho, Gedson, não tinha um caso com Flávia, como foi afirmado em depoimento. "O Gedson nunca teve caso com ninguém, sempre foi casado e fiel. É informação para disfarçar o crime. Ela (Flávia) talvez queria que tivesse acontecido algo, mas nunca houve nada", afirma a sogra.
Sulamita e Flávia foram presas no dia 5 de dezembro de 2019, poucos dias após o crime, em cumprimento de mandados de prisão, expedido pela Justiça de Vargem Alta. Já Wilson permaneceu foragido por meses, até que foi encontrado em junho de 2020, em Cachoeiro de Itapemirim.
De acordo com a PM, policiais abordaram um casal em uma motocicleta, na Avenida Bernardo Horta, no bairro Guandu. O motorista tentou dar um nome falso aos militares, o que acabou chamando atenção dos policiais. Após consulta, os militares descobriram o nome verdadeiro do homem, e viram que se tratava de um suspeito com mandado de prisão em aberto.
Em seguida, os militares também tiveram conhecimento de que o irmão do indivíduo também estaria com mandado de prisão em aberto, escondido na casa da mulher que estava na garupa da motocicleta, no bairro Alto Independência.
Mais tarde, os militares prosseguiram até o local e detiveram o homem que, após consulta, viram que se tratava de Wilson Roberto Barcelos. De acordo com a Polícia Civil, mediantes dos fatos, os dois indivíduos foram conduzidos à Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim.
Desde que o inquérito teve início, a morte de Thamires teve reviravolta em sua investigação. Inicialmente tratado como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte, após a conclusão do inquérito, a Polícia Civil afirmou que o crime foi passional.
O crime aconteceu no dia 30 de novembro na Rodovia ES 164, que liga Cachoeiro de Itapemirim a Vargem Alta. A agricultora Thamires Lorençoni Mendes foi morta quando passava pela rodovia com o marido, em um caminhão.
Imagens da câmera de videomonitoramento de uma empresa de mármore e granito ajudaram na investigação da policia. O vídeo mostra um carro branco, em que estava o executor do crime, entrando na frente do caminhão do marido de Thamires.
Thamires foi atingida na cabeça e nas costas, foi levada para um hospital da região, mas não resistiu e morreu. A mulher era casada e tinha três filhos.
Durante as investigações, Sulamita, madrasta do marido de Thamires, falou em depoimento que contratou Wilson para "dar um susto" na mulher. Flávia, filha de Sulamita, confessou em seu depoimento que contratou Wilson para matar Thamires.
Segundo nota da Polícia Civil na data de encerramento do caso, "a conclusão foi que o crime foi passional. Mãe, filha e o executor foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe, fútil e por recurso que torne impossível a defesa da vítima, e também por roubo majorado".
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