"Mãe, não me deixa morrer, eu acho que vou morrer hoje." Essas foram as palavras ditas por Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, durante a espera por um leito de UTI que durou aproximadamente quatro horas, dentro de uma ambulância na frente do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. O adolescente morreu na madrugada deste sábado (30) após ficar sem atendimento no hospital.
Kevinn foi transferido de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, para Vila Velha. Ele chegou ao Himaba por volta de 0h30 com uma vaga, que segundo familiares e a própria direção do hospital, estava reservada e disponível.
Conforme explicado por familiares, o garoto sentia falta de ar e tinha uma infecção. A ida ao hospital, ainda na cidade onde morava, foi motivada por dores no lado esquerdo do corpo, respiração ofegante e dificuldade para se levantar.
Após chegar a Vila Velha, foram aproximadamente quatro horas de espera fora do hospital. A vaga que estaria reservada e disponível não foi ocupada por Kevinn. Às 4h30, o adolescente morreu.
À TV Gazeta, a mãe de Kevinn, Suzana Belo da Silva, relatou que o filho pedia para que ela não o deixasse morrer.
Primo dela, o pastor Antônio Marcos Santana da Silva classificou o episódio como desumano. “Eu vi os médicos tentando salvar uma vida e indagando por que ninguém do hospital deu satisfação. Só quando ele começou a ter a última parada cardíaca é que chamaram a mãe dele para fazer o prontuário”, revelou.
Após horas de espera, revolta e a perda do adolescente, os familiares registraram um boletim na Delegacia Regional de Vitória na manhã deste sábado (30).
A Polícia Civil informou que a família registrou boletim de ocorrência na Delegacia Regional de Vitória, na manhã deste sábado (30). O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) será responsável pelas investigações, detalhou em nota.
Em entrevista à TV Gazeta, o diretor do Himaba admitiu que o hospital estava com o leito de UTI disponível para atender o adolescente, mas não citou negligência. De acordo com Fábio Diehl, o caso está sendo apurado e será levado para a Polícia Civil e para o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES).
“Estamos consternados com o fato e nos solidarizamos com a família, para a qual estamos dando todo o suporte. Tínhamos a vaga confirmada, equipamentos e equipe à disposição. Estamos apurando o ocorrido e vamos ouvir todas as pessoas envolvidas para tomar as medidas cabíveis”, garantiu.
Procurado pela reportagem da TV Gazeta, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades no caso da morte de Kevinn, de 16 anos.
Após a morte de Kevinn Belo Tome da Silva, de 16 anos, a reportagem de A Gazeta procurou a Secretaria de Estado da Saúde para entender o que aconteceu no local e por qual motivo a vaga disponível e garantida não foi ocupada pelo adolescente. A seguir você confere o que foi perguntado para a Sesa.
1 - O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
6 - Houve um novo contato para tentar transferir o menino para outro hospital. O que aconteceu?
7 - Como funciona esse processo de transferência de um paciente, o passo a passo?
8 - Faltam vagas de UTI no Espírito Santo?
Além da Secretaria de Estado da Saúde, o Instituto Acqua, que administra o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), foi questionado por A Gazeta. A reportagem perguntou, por exemplo, que tipo de vaga foi garantida, uma vez que o diretor disse que o hospital tinha "vaga confirmada" e "equipe à disposição".
1 -O hospital só transfere quando tem vaga garantida. Que tipo de vaga foi garantida?
2 - Por que ele ficou 4 horas esperando?
3 - Quem tem que receber o paciente quando ele chega? Tinha médica de plantão na hora?
4 - Quem era? Por que ela não recebeu?
5 - Outra pessoa não poderia ter tomado alguma atitude a respeito para que o adolescente não ficasse desassistido pelo hospital?
6 - Por que nenhum funcionário apareceu lá na ambulância?
Após a publicação da reportagem, a Sesa enviou uma nova nota, afirmando que duas médicas foram afastadas das funções na unidade e que o caso foi registrado na polícia. Veja na íntegra.
A direção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba) lamenta profundamente o falecimento do adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva e informa que registrou ocorrência policial contra o que considera flagrante negligência médica por parte dos profissionais plantonistas. Destaca também que as duas médicas foram afastadas de suas funções.
A direção informa ainda que na segunda-feira fará representação junto ao Conselho Regional de Medicina para que a conduta das profissionais envolvidas seja devidamente avaliada. E reafirma que o HIMABA estava preparado para receber o paciente, com disponibilidade de leito, profissionais e equipamentos necessários ao atendimento.
A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn.
Com informações de Daniela Carla, da TV Gazeta
A Sesa enviou uma nova nota sobre o caso, onde cita negligência médica e informa que duas plantonistas foram afastadas das funções no hospital. A matéria foi atualizada.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta