Marta de Jesus Martins está há 33 anos procurando um filho desaparecido. A mãe contou, em entrevista ao repórter Elton Ribeiro, da TV Gazeta, que na época a criança tinha dois anos e se chamava Sandro. Ele foi doado pelo pai, em Marechal Floriano, no Sul do Espírito Santo, sem consentimento da mãe.
Em 26 de dezembro de 1987, Marta saiu da casa onde vivia com a família no distrito de Araguaia, em Marechal Floriano, para tentar a vida em Vitória. Ela sofria violência doméstica e antes de tomar a decisão de sair de casa e acabar com o casamento, que durou 15 anos, tinha sido espancada.
“Ele me batia muito, muito, muito. Meu casamento durou 15 anos. Quando tinha poça de lama, ele me levava e esfregava meu rosto na poça de lama. Eu tive uma vida muito sofrida”, relatou Marta.
Na Rodoviária de Vitória, ainda machucada pela agressão, ela recebeu a proposta para trabalhar como doméstica na casa de uma família de Laranjeiras, na Serra, na Grande Vitória.
Durante três meses, ela juntou o dinheiro para voltar a Marechal Floriano e buscar os filhos. Mas, quando chegou em casa, o marido tinha doado todos os sete filhos para que fossem criados por outras famílias.
A filha de Marta, Silvana, tinha 14 anos na época e contou que a doação dos irmãos aconteceu de pouco em pouco e Sandro foi o último a ser doado. Ela foi a responsável por entregar o menino para um casal de Cachoeiro de Itapemirim.
“A gente sofria muito. Eu lembro de vários episódios que tirei ela da mão dele para ele não matar ela. Eu apoiei ela sair de casa. Eu lembro que eu dei banho nele, coloquei uma roupinha nele, fui até a mulher e dei essa criança na mão dela. A sensação foi de um vazio, de uma coisa se quebrando. Depois disso, eu nunca mais vi meu irmão”, disse.
Marta recuperou os outros seis filhos, que na época tinham idade entre 5 e 14 anos, e voltou para Vitória com eles, onde os criou sozinha. Desde então, ela procura pelo filho que falta.
Oito anos depois da criança ter desaparecido, a polícia localizou a família que teria recebido o menino. No entanto, eles informaram que o tinham doado novamente e que não sabiam informações sobre a nova família dele.
Recentemente, Marta procurou novamente a Polícia Civil para cadastrar o material genético, por meio do sangue dela, para que fosse incluída na campanha nacional da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), com o apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
O objetivo dessa campanha foi reunir dados de desaparecidos, familiares de desaparecidos, pessoas vivas desconhecidas e de corpos sem identificação para que casos fossem solucionados.
* Com informações da TV Gazeta e do G1 ES
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