Para as três mães que você vai conhecer nesta reportagem, UTI é sinônimo de sala dos milagres. Em relatos tocados pela devoção, elas testemunham: por um fio, estava a vida dos filhos; por uma corrente (de fé), foi alcançada a graça da cura.
Na Unidade de Terapia Intensiva, intensas também foram as demonstrações de entrega e cuidado. Lá, Larissa batizou com as próprias mãos seu bebê, ameaçado pelo “risco extremo” de uma doença respiratória – o padre autorizou o sacramento sem sua presença. Também lá, Jayslane vivenciou os momentos de angústia por ver sua menina, acometida por pneumonia, em estado grave. E lá, mais uma vez, Iranilma rezou pela vitória da filha sobre uma potente bactéria que destruía os pulmões.
Três histórias, uma só fé: a de que a bênção recebida é resultado do trabalho dos médicos e da intervenção de Nossa Senhora da Penha. “Milagre” é a palavra usada por essas mulheres para definir as experiências que marcaram suas famílias para uma vida inteira.
Neste período de Festa da Penha, que nesta 452ª edição traz o tema “Saúde dos enfermos, rogai por nós”, todas elas dizem ter motivos de sobra para agradecer. Confira abaixo os depoimentos.
“Tenho um filho que acaba de completar seis meses. No mês passado, no dia 3, teve início o nosso milagre.” Assim a auxiliar administrativa Larissa Pereira Gabrieli Zopelaro, de 26 anos, introduz sua história.
A bênção a que ela se refere nasceu de um quadro de forte aflição: a tosse persistente do pequeno Humberto era sintoma de bronquiolite, que progrediu rapidamente e deixou-o em condições de “extremo risco”, como foi informado à família.
“O estado dele piorou de um dia para outro, de sexta para sábado. Meu bebê ainda não havia sido batizado. Na sexta-feira, quando ele foi intubado, o padre disse que eu mesma poderia realizar o batismo. E assim fiz. No sábado, depois da piora, o sacerdote foi até lá dar a bênção. Pensávamos que o pior aconteceria. Eu e meu marido dobramos os joelhos e entregamos a Deus o nosso bem mais precioso”, destaca a mãe.
A situação era tão grave, ela enfatiza, que o hospital chegou a permitir a visita dos familiares.
Após a ampla mobilização em orações, veio o alívio. “Os novos exames saíram, e a mancha do pulmão havia sumido. O quadro foi estabilizando. No domingo, foram retiradas as medicações que ajudavam o coração e, na segunda, finalmente ele passou pela extubação [remoção dos tubos de oxigênio]. Os médicos foram todos enfáticos: saímos do hospital com um milagre", frisa.
As cenas na UTI ainda estão bem acesas na memória da mãe. No leito, o menino contrariou prognósticos negativos ao lutar e resistir. “Humberto brigou com o respirador. Mesmo sedado, mexia os braços e pernas como se estivesse avisando: ‘Quero viver, estou lutando’. Assistíamos àquilo abismados, mas com a certeza de que iríamos voltar a sorrir.”
E de fato voltaram, como mostra a foto abaixo, registrada no Convento, o primeiro lugar que o casal levou o filho depois da alta hospitalar.
Pouco mais de um mês depois do pesadelo, o casal se prepara para participar da Festa da Penha, que este ano terá um significado ainda mais especial diante das últimas provações. "Vamos marcar presença nas romarias dos Homens e dos Ciclistas."
Esta época do ano é sempre de agradecimento para a dona de casa Iranilma Ribeiro de Figueiredo Loriato. Nesse mesmo período, em 2014, amigos e familiares caminhavam pelas romarias da Festa da Penha pedindo por um milagre: a recuperação da filha dela, Maria de Figueiredo Loriato, que estava na UTI em estado grave, vítima de uma pneumonia por estafilococos.
O apego às orações amparou as poucas esperanças dadas naquele momento. “Quando ficamos sabendo que ela poderia não sobreviver, meu marido, Marcos Aurelio Loriato, foi ao Convento da Penha pedir a intercessão de Nossa Senhora. Minha amiga foi à Romaria das Mulheres e conseguiu ganhar uma rosa do andor da padroeira e trouxe-a para mim. Ela tentava todo ano e nunca tinha conseguido. Era a primeira vez. Então, entendi como um sinal.”
Dias depois, o que era improvável aos olhos humanos aconteceu, conta a mãe. Os pulmões começaram a se fortalecer, e a menina recobrou a saúde. Teve, enfim, alta. Desde então, o pai da criança cumpre a promessa: todos os anos, ele vai à Romaria dos Homens. E nesta 452ª edição da Festa da Penha, Maria, aos 8 anos de idade, participará da procissão pela primeira vez na vida. “Ao lado da família, vai agradecer pela bênção de ter sido curada”, diz a mãe, de 41 anos.
Febre repentina, prostração, convulsão. A sequência de fatos preocupantes naquele ano de 2007 culminou com a pior notícia que Jayslane de Fátima Moraes Palassi poderia receber: sua filha, Maria Eduarda, então com dois anos e sete meses, foi diagnosticada com pneumonia.
O estado era debilitado, a internação na UTI era inevitável. “O raio-X mostrou que pulmão dela estava tomado pela infecção. Seu estado era muito ruim. De uma criança extremamente ativa, ela passou a ser uma criança que mal conseguia abrir os olhos, nem sequer sentar e menos ainda se alimentar. Cheguei a pensar que o pior aconteceria, pois não me informaram qual procedimento adotariam”, recorda-se a mãe. Segundo ela, os períodos de tratamento foram de reza e joelho no chão.
Apesar dos momentos de tormenta e temor no hospital, a fé embalava a família. “Nas muitas orações que fazia com minha filha, disse para ela que Papai do Céu estava cuidado dela. E Nossa Senhora também. Quando coloquei a mão sobre o travesseiro à esquerda e à direita de sua cabeça, estava quentinho: eles estavam ali. Do box que ela estava, a vista presenteava com o Convento. Ela passou mais alguns dias na UTI, os médicos fizeram vários procedimentos, e minha menina se curou, praticamente sem sequelas."
Filha recuperada, graça alcançada, hora de pagar a promessa feita durante os 10 dias na UTI e os 17 na internação pediátrica.
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