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Mães protestam por melhor atendimento a crianças autistas em Cachoeiro

Mães protestam por melhor atendimento a crianças autistas em Cachoeiro

Mães relatam dificuldade para conseguir tratamento especializado; Apae afirma que trabalha acima da capacidade para atender grande demanda no Sul do ES

Publicado em 5 de setembro de 2022 às 20:00

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Protesto: mães buscam melhorias no tratamento para crianças com autismo em Cachoeiro
Mães protestam pelos direitos dos filhos com autismo em Cachoeiro de Itapemirim. (Diego Gomes)

Mães de crianças que possuem o transtorno do espectro autista fizeram uma manifestação, na manhã desta segunda-feira (5), em frente à Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, para cobrar mais agilidade das autoridades públicas no que diz respeito à marcação de consultas para os filhos que precisam de atendimento.

A manicure Priscila Aritana participou do protesto. Para o repórter Thomaz Albano, da TV Gazeta Sul, ela explicou que o filho dela, Itallo Roberto, de oito anos, foi diagnosticado com o autismo quando tinha apenas um ano e meio. Segundo ela, Itallo precisa de tratamento especializado, porém, a espera já dura cinco anos

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Ele está sem os remédios, com agitação total dentro de casa. Na escola é reclamação quase todos os dias. Semana passada ele estava muito nervoso, e não posso mandá-lo para escola nem sair de casa

Priscila Aritana
Manicure
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Outra pessoa que está passando pela mesma situação é a auxiliar de serviços Daiana Souza. Ela aguarda atendimento para o filho Joaquim, de três anos, há quase um ano. O menino também possui autismo e necessita de acompanhamento multidisciplinar.

Segundo ela, há falta de neurologista. “A última consulta dele foi no dia 15 de dezembro. Ele teria que ter retornado com seis meses e até hoje não retornou, porque o meu posto não tem médico. Até me mandaram para outro, mas até hoje eu não consegui consulta”, afirmou.

MÃES PROCURAM A APAE

Mãe do Joaquim, Daiana informou que também precisa de atendimento na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). “Tem um ano que ele está na Apae e só passa no fonoaudiólogo. Ele precisaria de terapia ocupacional, psicólogo, pois ele está ficando muito agitado, e não tem médico nos postos para fazer esses encaminhamentos”, enfatizou.

Protesto: mães buscam melhorias no tratamento para crianças com autismo em Cachoeiro
Para o protesto, mães fizeram cartazes pedindo melhorias no atendimento para os filhos autistas. (Diego Gomes)

Além de Priscila e Daiana, Valéria da Silva também esteve no ato. Ela contou ao repórter Matheus Passos, da TV Gazeta Sul, que a última consulta do filho autista presicou ser particular – e isso só foi possível graças à ajuda do chefe do marido dela.

“Eu levei meu filho no posto, pedi um encaminhamento, o inseri no sistema, mas já tem seis meses e nada aconteceu. Aí, o patrão do meu marido foi e pagou a consulta para a gente. Só por esse meio que eu consegui o diagnóstico”, explicou.

O QUE DIZ A APAE

Procurada, a Apae reconheceu a dificuldade de atendimento em todas as especialidades, especialmente com fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. “Não somente porque esses profissionais estão cada vez mais escassos no mercado, mas porque, entre as demais terapias, são estas as mais indicadas para autistas, público que tem aumentado a cada ano”, afirmou.

A associação comentou, ainda, que realiza atendimentos acima da capacidade. “Nossa contratualização foi formalizada para o atendimento de 400 pacientes, com pessoal e espaço adequados. Com o que temos aqui hoje, conseguimos atender a 597 pacientes, ou seja, 197 acima da nossa capacidade, porque compreendemos a importância do atendimento multidisciplinar tão logo seja identificado o diagnóstico da criança, mas, infelizmente, é o que comportamos."

Por fim, a Apae ressaltou que a demanda na Região Sul do Estado, sobretudo de crianças que estão sendo diagnosticadas com autismo, é grande. “Nesses 53 anos em que atendemos pessoas com deficiência intelectual e múltipla, nunca vimos uma demanda tão grande de pacientes com autismo", completou.

O QUE DIZ A SESA

Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou que “o paciente Joaquim foi inserido no sistema de regulação há duas semanas e a vaga está sendo disponibilizada de acordo com o quadro clínico". Já em relação ao paciente Itallo, afirmou que ele "já está inserido e autorizado no sistema, aguardando agendamento, seguindo ordem de prioridade”.

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