O Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) promoveu uma pesquisa com as famílias de alunos da rede e, pelo levantamento, a maioria se mostra insegura com a volta às aulas presenciais - suspensas desde março devido à pandemia de Covid-19. Grande parte dos pais também revelou que prefere manter apenas as atividades remotas, mesmo depois que o retorno for autorizado pelo governo do Estado.
O questionário enviado aos pais ou responsáveis pelos alunos relacionou 12 perguntas para orientar as instituições a definir estratégias de atuação e ajudar nos preparativos para o retorno presencial. A pesquisa foi realizada no período de 16 a 22 de junho, e foram registradas 10.444 respostas, abrangendo da educação infantil ao ensino superior na rede particular.
Entre as questões apresentadas, o Sinepe indicou datas prováveis para retorno, ainda em julho e também no início de agosto, mas 53,7%, dos 10.164 que responderam à pesquisa, declararam não se sentir seguros, mesmo com todos os protocolos de saúde que as escolas estão adotando para receber os estudantes. Outros 20% indicaram que a data deve ser a determinada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Questionados sobre a possibilidade de manter os filhos apenas com atividades remotas, em casa, enquanto se sentirem inseguros, 79,2%, dos 10.115 que se manifestaram, informaram que gostariam de ter essa opção.
As famílias também foram questionadas sobre que grupo deveria ser o primeiro a retornar, caso haja a necessidade de uma retomada gradual. A maioria indicou o ensino superior como prioridade, seguido do ensino médio. A educação infantil foi a última opção.
Houve, ainda, questões relacionadas à concessão de descontos antes e depois da pandemia, sobre perfil dos estudantes e nível de satisfação com as atividades remotas. Neste quesito, 66,4% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho das instituições.
O vice-presidente do Sinepe-ES, Eduardo Costa Gomes, destaca que, embora não se trate de uma pesquisa com embasamento estatístico, com margem de erro e intervalo de confiança, por exemplo, serve de parâmetro para as escolas, tanto do que vem sendo realizado quanto para o que ainda precisa ser feito.
Eduardo Gomes observa que a percepção favorável de boa parte dos pais em relação às atividades remotas, que foram construídas de maneira emergencial, demonstra que os professores, apontados como a linha de frente da educação na pandemia, estão se esforçando bastante para o melhor resultado. "É tudo muito difícil, muito angustiante. Mas, em sua maioria, os professores conseguiram desenvolver um bom trabalho".
Apesar da avaliação positiva, o vice-presidente do Sinepe-ES pondera que a atualização desse modelo será necessária por dois aspectos: primeiro porque a tecnologia leva os jovens a migrar de interesse, e o que é bom em uma hora, em outra já não é mais e o melhor exemplo é o comportamento deles nas redes sociais; e segundo é que, mesmo com o retorno presencial, as aulas remotas vão continuar.
Quanto à preocupação com o retorno demonstrada pelos pais, Eduardo Gomes argumenta que, no período em que a pesquisa foi realizada, os indicadores da Covid-19 no Espírito Santo eram bastante negativos, com números de casos e mortes crescendo em ritmo acelerado. Agora, com cenário um pouco mais favorável, ele acredita que as famílias devem se sentir mais seguras. De toda maneira, ele ressalta, o retorno só vai ocorrer quando as autoridades sanitárias liberarem a reabertura das escolas.
Eduardo Gomes diz ainda que o Sinepe vai atualizar a pesquisa, entre o final deste mês e o início de agosto, e orientar as instituições a também fazer seu levantamento com a comunidade escolar, para que o gestor possa tomar a decisão mais assertiva, ouvindo todos os pais, estabelecendo seus próprios parâmetros para a retomada. "As pesquisas servem como um instrumento a mais das escolas sobre ações que precisam adotar", finaliza.
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