Ao todo, 35 trabalhadores que vieram da Bahia para a colheita do café em uma fazenda de Pancas, no Noroeste do Espírito Santo, foram resgatados em condições análogas à de escravos durante uma operação conjunta, coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com o apoio da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) na manhã desta sexta-feira (3).
De acordo com imagens recebidas por A Gazeta, é possível ver que a estrutura do alojamento tinha banheiros sujos, colchões e colchonetes espalhadas pelo quarto, dividido com a cozinha, onde os ocupantes armazenavam comida em cima de uma mesa improvisada.
Segundo o apurado pelo MTE no local, os trabalhadores precisavam arcar com os custos para se alimentar e eles eram obrigados a pagar cerca de R$ 100 de táxi para fazer deslocamentos. Eles tiveram descontados do salário o valor da passagem para trazê-los para o Espírito Santo, um valor de R$ 480.
Consta que dois dos empregados adoeceram devido à situação e os colegas tiveram que dividir uma quantia em dinheiro para levá-los até o posto médico e depois comprar a passagem de volta para a Bahia. Depois disso, nenhum deles possui recursos para retornar para casa. Dentre as pessoas localizadas na fazenda nessas condições, há também registro de jovens menores de 18 anos e de mulheres.
Conforme o MTE, o empregador em questão foi enquadrado em duas condições previstas nos Artigos 149 e 207 do Código Penal, que preveem como crimes aliciar trabalhadores, mantê-los em condições degradantes e não garantir o retorno ao local de origem da contratação. A denúncia ainda precisa ser apresentada ao Poder Judiciário pelo Ministério Público Federal.
Ainda segundo o MTE, os trabalhadores regatados ficarão alojados em um hotel até o pagamento dos direitos rescisórios. O empregador foi localizado e se comprometeu a pagar os valores que, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, chegam a aproximadamente R$ 169 mil.
Os trabalhadores resgatados vão passar o fim de semana em um hotel de Colatina, cidade vizinha de Pancas, enquanto os órgãos responsáveis aguardam que o empregador realize os pagamentos de rescisão e garanta a logística do retorno para a Bahia.
A reportagem de A Gazeta continua acompanhando o caso e, com novas informações, o texto será atualizado.
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