Durante uma semana, a personal trainer e professora de educação física Kelly Cristina Souza de Oliveira Rezende, 42 anos, reclamou com o marido, Raphael Rezende de Almeida, 40 anos, que estava sentindo febre, tosse e um mal estar.
Com esses sintomas, ela pensou se tratar apenas de uma gripe. No entanto, no decorrer dos primeiros dias do mês de outubro, a saúde de Kelly piorou. "Ela achou que fosse uma gripe. Até tomou remédios, mas não melhorava", disse o marido.
Kelly foi a um hospital junto com Raphael, no dia 5 de outubro, e logo foi internada. Ela seguiu por 49 dias na unidade médica até a manhã do último domingo (22), quando não resistiu e morreu.
Juntos há 10 anos e morando na Barra do Jucu, em Vila Velha, o casal planejava ter filhos. "Foi uma pancada, uma triste surpresa. Não consigo pensar em mais nada, é tanta coisa que não consigo nem mais pensar, contou Raphael, abalado.
Durante o tempo de internação, a professora foi submetida a dois testes para identificação da Covid-19, ambos descartados. Segundo o marido, os médicos disseram se tratar de uma pneumonia bacteriana que evoluiu para um quadro de infecção generalizada.
"Muita gente acha que foi por Covid, mas não foi. Não tem nada a ver. Os exames deram negativos. Foi uma pneumonia causada por uma bactéria não identificada. Já no hospital, ela acabou desenvolvendo também anemia e hepatite", conta.
Ele diz ainda que a esposa, apesar de ser atlética e manter uma alimentação balanceada, tinha pouca resistência para doenças contagiosas. A imunidade dela era muito baixa. Já estava há alguns dias passando muito mal, mas não queria ir ao médico porque nunca gostou de hospital, lamenta.
De acordo com dados divulgados pelo Portal da Transparência - Registro Civil, no Brasil, entre os meses de janeiro e novembro de 2020, foram registrados mais de 162 mil óbitos em decorrência da pneumonia e a maioria das vítimas tinha mais de 60 anos. No Espírito Santo, morreram da doença, no mesmo período, 1.441 pessoas, a maioria também acima dos 60.
Mesmo sendo esta a faixa etária com maior vulnerabilidade para a enfermidade, o infectologista Lauro Ferreira Pinto Neto afirma que a doença também pode acometer jovens. "É uma doença contagiosa. Mesmo sendo mais frequente em idosos, qualquer pessoa pode ter a doença", alerta.
O infectologista conta que a pneumonia é uma infecção inflamatória dos pulmões e pode ser viral ou bacteriana. Se não identificados os sintomas para um tratamento correto, o quadro pode evoluir e levar a óbito. "Uma pessoa com pneumonia pode evoluir para uma deficiência respiratória grave. Sintomas como dor de garganta, tosse, febre e falta de ar já são sinais de alerta", afirma o médico.
Ele diz ainda que, apesar de parecerem semelhantes, os sintomas gripais são mais brandos e precisam ser distinguidos logo no início. "Sintomas gripais são leves. Mas, às vezes, uma pessoa que tem uma infecção respiratória mais ou menos banal pode evoluir para um quadro mais grave. O sinal de alerta é quando sentir falta de ar ou ter sensação de desmaio. Com esses sintomas, a orientação é procurar um serviço de emergência", adverte .
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