A marquise de um imóvel desabou na Praça Oito, no Centro de Vitória, na manhã desta quinta-feira (29). De acordo com informações da TV Gazeta, um camelô foi atingido e teve ferimentos na cabeça. Ele foi atendido por uma ambulância do Samu e levado para o Hospital de Urgência e Emergência, o antigo São Lucas, em Vitória.
De acordo com a Defesa Civil municipal, o prédio é datado de 1930, mas a marquise foi construída posteriormente à edificação, sem confirmação de quando ocorreu.
Segundo testemunhas, a parte da estrutura que foi ao chão caiu em cima do homem. Ele teve um corte na cabeça, sangrou muito, mas foi socorrido e levado lúcido pela ambulância do Samu. O camelô foi identificado como Willian Barbosa, de 44 anos. Ele é de Governador Valadares, mas se mudou para o Espírito Santo quando era criança. Ele trabalha há mais de 20 anos como ambulante no Centro.
No começo da noite desta quinta-feira (29), a reportagem de A Gazeta conseguiu fazer contato com a esposa de Willian, que está acompanhando o vendedor no hospital. Ela afirmou que William passa bem, realizou exames que não detectaram uma lesão grave na cabeça e que ele deve ter alta do hospital ainda hoje.
A marquise pertence a uma loja de eletrônicos e acessórios de celular que foi inaugurada nesta quinta-feira (29). Pelo menos cinco pessoas ficaram presas dentro da loja porque a estrutura de concreto caiu na frente da porta, impedindo a saída. Três conseguiram sair sozinhas e as outras duas saíram com a ajuda de militares do Corpo de Bombeiros que chegaram logo depois e conseguiram retirar os funcionários. A loja permanecerá fechada durante o dia de hoje (29).
De acordo com o supervisor do estabelecimento, Davi Rodrigues, o acontecimento foi uma surpresa. "A gente tem pouco tempo que está lá, chegamos há dois meses e inauguramos hoje (29). A única coisa que fizemos lá foi pintar. A gente não esperava isso. Temos outra loja também, três pontos antes de onde foi o acidente. Tínhamos fechado a primeira loja, mas vamos reabrir no antigo ponto, já que não tem previsão de reabertura da nova, está interditado e vai depender da prefeitura, que vai avaliar. O prejuízo foi só das nossas placas, dentro da loja não quebrou nada, foi só dano externo", relatou.
Uma das funcionárias socorridas, Rayane Araújo, conta como foi o momento da queda da marquise. Estava na loja, e quando subi para o segundo andar, caiu a parte da frente. Foi muito rápido, não fez barulho antes. A gente ficou lá dentro, eu estava um pouco nervosa, mas a gente estava bem, contou.
De acordo com o Tenente Pennafort, do Corpo de Bombeiros, aparentemente houve falta de manutenção preventiva no imóvel. "A estrutura é envelhecida. Eles colocaram as placas da loja tapando a marquise, então não conseguimos ter uma visualização exata da estrutura, mas parece se tratar mesmo de falta de manutenção. O risco foi retirado, que é do restante da marquise vir a cair. A Defesa Civil municipal vai fazer uma avaliação estrutural em toda a edificação, buscando saber se o resto da estrutura está comprometida ou não. Mas, em uma análise preliminar, o risco foi excluído", apontou.
Ainda segundo Pennafort, as fortes chuvas podem ter facilitado a ocorrência do desabamento. "Com o acúmulo de água pode ocorrer infiltração, porque a marquise tem pouca drenagem, então vai acumulando e com o tempo as drenagens entopem, a infiltração chega na armadura e vai corroendo o ferro. A prefeitura faz levantamento, há fiscalização a esses prédios. Agora está a cargo da Defesa Civil e PMV darem os devidos encaminhamentos", explicou.
Segundo o coordenador da Defesa Civil de Vitória, Jonathan Jantorno, trata-se de um imóvel muito antigo e as condições estavam bastante deterioradas. "Mas ela estava encoberta, existia uma placa de publicidade muito grande que não permitia a visualização do dano. Inclusive a placa pode contribuir para a sobrecarga da estrutura. A partir de agora nós fizemos a retirada, demolição e limpeza do local, para evitar novos acidentes, e vamos fazer avaliação de risco. Quando terminar, vamos encaminhar o laudo ao proprietário. Já pudemos perceber aqui a ausência de uma ferragem adequada que ancorasse a estrutura. Nos aprofundaremos agora com a avaliação técnica para emitir um parecer mais seguro. Lembrando que a fiscalização da prefeitura já realizou notificação desse imóvel há tempos atrás, o proprietário tinha ciência da situação do imóvel e, ainda assim, não foram cumpridas as determinações, com apresentação do laudo de estabilidade da edificação", comentou.
Com relação ao não cumprimento de exigências, Jantorno afirmou que a documentação sobre o imóvel foi enviada ao Ministério Público. "No total foram 201 imóveis na capital notificados pela PMV para apresentar atestado de segurança das áreas, que neste caso até agora não foi apresentado. Por isso a necessidade da prefeitura encaminhar ao MP. De acordo com a lei municipal 4821/98, compete ao proprietário garantir as condições de salubridade e estabilidade da edificação. Mesmo após o ocorrido, a PMV já notificou novamente o proprietário para apresentar o laudo. Como não houve óbito, faremos avaliação estrutural agora e acredito que até o fim da tarde de hoje (29) consigamos dar um posicionamento. Na legislação municipal há previsão de multa também. Encaminhamos ao MP, que pode promover uma ação neste sentido. A lei prevê vários valores de multa a depender da gravidade", acrescentou.
"Alertamos que o principal é atender às notificações do município, porque podem indicar irregularidades. A manutenção preventiva é de suma importância, até porque, para vir a desabar, significa que a situação está bastante complicada e a infiltração é um dos principais fatores que podem acarretar a perda de propriedade dos materiais, ocasionando desabamento", comentou.
Em nota divulgada por volta das 19h desta quinta-feira (29), a Prefeitura de Vitória informou que a Defesa Civil Municipal, após vistoria no local realizada no início da tarde, promoveu a interdição do imóvel para garantir a segurança e a estabilidade da edificação. "Informa, ainda, que a fiscalização da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade (Sedec) vistoriou a edificação em janeiro deste ano e notificou o dono a fazer reparos na marquise e apresentar laudo técnico. Nos últimos dois anos, a Sedec fez um trabalho preventivo em toda a região do Centro para identificar problemas em fachadas e marquises. No total, 201 imóveis foram notificados para fazer reformas. Desses, 65 foram intimados (sendo que 35 deles foram multados). A fiscalização das fachadas e marquises é contínua e ocorre permanentemente em toda a cidade. O resultado dessa operação foi informado ao Ministério Público Estadual. A Sedec destaca que a responsabilidade de manter as marquises e fachadas em bom estado é do proprietário do imóvel", afirmou a manifestação.
A respeito do encaminhamento de documentação ao Ministério Público estadual, o órgão foi acionado pela reportagem para apontar que medidas poderão ser tomadas. A matéria será atualizada quando houver resposta.
O comerciante Élcio Matos estava atravessando a rua no momento da queda da marquise. Ele conta como foi o desabamento e socorro do homem atingido. Estava sacando um dinheiro no banco do outro lado da rua e ia atravessar quando aconteceu o desabamento. A marquise caiu na vertical. Um barulho muito forte. O rapaz estava embaixo, mas foi socorrido. Ninguém mais foi atingido, graças a Deus, disse.
A Guarda Municipal de Vitória esteve no local e isolou a área do acidente. Militares do Corpo de Bombeiros também estiveram no imóvel prestando atendimento. A Prefeitura de Vitória enviou uma retroescavadeira para a retirada da estrutura. Além da estrutura da marquise que ficou pendurada, a marquise lateral do prédio foi demolida pela retroescavadeira para evitar que ela também caísse.
Imagens recuperadas do Google Street View mostram como e onde ficava a marquise que desabou na Praça Oito. O imóvel fica localizado ao lado do antigo Banco Real, próximo da Rua da Alfândega
Com a colaboração de Aurélio de Freitas
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