O risco de faltarem remédios para tratar a Covid-19 nos pacientes em tratamento na UTI, no Espírito Santo, que fez o governo acender o alerta desde o início de junho, está hoje em um patamar controlado, mas que ainda não é cômodo, de acordo com o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes.
Ele explicou, em coletiva realizada neste sábado (27), que os medicamentos em falta devem chegar já no início da próxima semana, por meio da possibilidade de compras diretas feitas pelas unidades hospitalares e de uma outra grande compra intermediada pelo Ministério da Saúde.
"A informação do Ministério é de que a partir do início desta semana devem estar chegando alguns medicamentos dessa grande compra. Compras que o Estado fez diretamente pelas unidades hospitalares também chegaram esta semana, e temos a previsão de chegada para os próximos dias", complementou.
O secretário disse ainda que as unidades filantrópicas que prestam serviço para a Sesa também conseguiram celebrar algumas compras, e suas estruturas devem se estabilizar.
"Assim, devemos superar a crise que derivou da falta de medicamentos no mercado brasileiro e com os fornecedores. No entanto, a situação ainda não é cômoda e exige a concomitância de várias ações, frentes, para adquirir com segurança a quantidade de medicamentos para garantir o funcionamento dos leitos com pacientes críticos", declarou.
Há duas semanas, o Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, que administra a unidade Litoral Sul, no município de Itapemirim, anunciou o bloqueio dos três leitos de UTI que ainda estavam desocupados justamente pela falta de remédios, como anestésicos e relaxante muscular, geralmente usados para intubar pacientes com a Covid-19.
Nesta quinta-feira (25), a Santa Casa de Guaçuí, um dos hospitais de referência para o tratamento de pacientes com a Covid-19 no Sul do Estado, precisou receber uma remessa de medicamentos, emprestados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), pois tinha estoque para apenas 7 dias.
O secretário destacou que a dificuldade é resultado de uma crise no mercado, e que não depende da vontade dos gestores, públicos ou privados, pois mesmo os hospitais que não prestam serviço ao SUS, que só atendem particular, estão tendo dificuldades.
Na última quinta-feira (25), o governador Renato Casagrande (PSB) levou o tema a uma audiência pública feita pela Câmara dos Deputados e reforçou o pedido feito pelo Fórum de Governadores de que o Ministério da Saúde pudesse coordenar essa compra de medicamentos e insumos para as UTIs, pois a demanda é grande e todos os Estados estão enfrentando dificuldades.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde fez um levantamento sobre a falta de remédios nos hospitais que são referência para o tratamento da Covid-19, com leitos de UTI, e listou 22 medicamentos usados nos pacientes que precisam ser intubados.
A falta de anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares utilizandos nas UTIs pode trazer dificuldades também para a realização de outras cirurgias de emergência, sem relação com o coronavírus.
Diante do panorama, o secretário reforçou o alerta, na coletiva deste sábado.
"São muitos os riscos que podem impedir o funcionamento dos leitos hospitalares abertos no Brasil inteiro, para atender a população atingida pela Covid em condição clínica crítica. Então nós não podemos centrar o enfrentamento da pandemia no leito de UTI. Ele salva algumas vidas, no entanto não todas. É uma doença que não possui tratamento específico. O óbito hospitalar, mesmo para os que conseguem acesso ao leito de UTI, continua alto no mundo todo".
Na atualização desta sexta do Painel Covid-19 - ferramenta do governo com atualização diária da doença no Estado - a taxa de ocupação de leitos de UTI no Espírito Santo chegou a 80,71%. Na Grande Vitória, com maior índice, 83,69% das vagas de terapia intensiva estão sendo utilizadas por pacientes que desenvolveram o quadro mais grave da infecção.
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