Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, o médico cardiologista e intensivista Henrique Bonaldi afirmou não ser "um processo certo", do ponto de vista do profissional, o procedimento de transferência de pacientes para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do interior do Estado caso a ocupação atinja níveis críticos na Grande Vitória. Nesta terça-feira (2), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, havia afirmado que essa seria uma opção diante de um possível alto índice de ocupação nos leitos da Região Metropolitana, durante entrevista à Rádio CBN Vitória.
Para Bonaldi, os diferentes níveis de gravidade de pacientes em UTI dificultam a transferência para outras unidades hospitalares.
O médico afirmou ainda que o grande problema é a estrutura de ambulâncias e a segurança para as equipes. Segundo ele, trajetos de duas ou três horas, sem os equipamentos necessários, poderiam colocar os profissionais da saúde em risco.
Temos um grande problema hoje, que é equipe. Não dispomos de ambulância, de um número suficiente, com um tipo de ventilação necessária para fazer a equipe não correr risco. Imagina um transporte desse com um paciente ventilado, que está soltando gotícula de Covid por duas horas, três horas, para levar para Colatina, Linhares e tudo mais. Então, não é um processo certo. Certo em relação ao profissional, destacou.
As transferências de pacientes foram citadas pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista à CBN Vitória nesta terça-feira (2). Quando questionado sobre a ocupação de leitos na Região Metropolitana, que era próxima dos 90%, e a possibilidade de lockdown quando esse número chegasse aos 91%, o secretário explicou que essa é uma previsão considerando todo o Estado e que, se necessário, pacientes seriam transferidos para hospitais do interior.
A gente considera no risco extremo 90% da ocupação geral do Estado. Nunca foi regional este indicador. É um indicador estadual. Nós somos um Estado pequeno. Em duas ou três horas você está em qualquer município que é referência para o Covid. Eu consigo garantir o acesso de um paciente da Grande Vitória em Aracruz, ou pegar um paciente em Cachoeiro de Itapemirim e trazer para a Grande Vitória. Somos um Estado pequeno, que consegue ter uma maior capacidade de acesso ao leito hospitalar, diferente se fôssemos MG ou SP, onde teria mais sentido fazer a taxa de ocupação de leitos microrregionalizada. No entanto, a ocupação é estadual, explicou.
Ainda de acordo com o secretário, mais leitos estão sendo abertos nesta semana e na próxima, o que deve ajustar o indicador de ocupação nos hospitais da rede pública.
Nós temos um conjunto grande de leitos sendo abertos nesta semana e na próxima. Estão chegando 100 ventiladores. Então, a gente vai conseguindo ajustar o indicador da ocupação hospitalar, disse.
No entanto, Nésio reforça a necessidade das medidas de distanciamento social, afirmando que UTIs são recursos utilizados para salvar vidas e não para evitar a transmissão da doença. Nós vamos vencer a epidemia fora da UTI. Lá, nós fazemos a redução de danos, a gente trata de salvar aquela vida que não queremos perder. Só que a UTI não vai romper a cadeia de transmissão da pandemia, não vai fazer gerar o pico da doença.
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garantiu que apenas os pacientes que apresentam um quadro clínico estável são transferidos e que "todas as transferências seguem os protocolos de segurança nas ambulâncias, com adoção de paramentos mais rígidos para os profissionais". "As unidades móveis também são amplamente desinfectadas", garantiu.
A pasta também informou que a capacidade de atendimento está sendo ampliada semanalmente com a abertura de leitos distribuídos em unidades próprias e em contratualização com hospitais filantrópicos e privados. "Hoje, a rede conta com 1.195 leitos SUS, exclusivos para Covid-19, disponíveis para atender a população em todas as regiões do Estado", informou.
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