> >
Médico cita risco para profissionais ao transferir pacientes para o interior do ES

Médico cita risco para profissionais ao transferir pacientes para o interior do ES

Segundo médico Henrique Bonaldi, falta de equipe e de ambulâncias preparadas podem colocar profissionais que fazem transporte de pacientes com Covid-19 em risco

Publicado em 3 de junho de 2020 às 11:02

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
O médico cardiologista intensivista Henrique Bonaldi em entrevista à TV Gazeta nesta quarta (03)
O médico cardiologista intensivista Henrique Bonaldi em entrevista à TV Gazeta nesta quarta (03). (Reprodução / TV Gazeta)

Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, o médico cardiologista e intensivista Henrique Bonaldi afirmou não ser "um processo certo", do ponto de vista do profissional, o procedimento de transferência de pacientes para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do interior do Estado caso a ocupação atinja níveis críticos na Grande Vitória. Nesta terça-feira (2), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, havia afirmado que essa seria uma opção diante de um possível alto índice de ocupação nos leitos da Região Metropolitana, durante entrevista à Rádio CBN Vitória.

Para Bonaldi, os diferentes níveis de gravidade de pacientes em UTI dificultam a transferência para outras unidades hospitalares. 

Aspas de citação

Essa transferência não vai poder ser feita nos pacientes graves ou gravíssimos. Ela vai ter que ser feita em pacientes que estão algo graves e conseguem ser transferidos

Henrique Bonaldi
Médico
Aspas de citação

O médico afirmou ainda que o grande problema é a estrutura de ambulâncias e a segurança para as equipes. Segundo ele, trajetos de duas ou três horas, sem os equipamentos necessários, poderiam colocar os profissionais da saúde em risco.

“Temos um grande problema hoje, que é equipe. Não dispomos de ambulância, de um número suficiente, com um tipo de ventilação necessária para fazer a equipe não correr risco. Imagina um transporte desse com um paciente ventilado, que está soltando gotícula de Covid por duas horas, três horas, para levar para Colatina, Linhares e tudo mais. Então, não é um processo certo. Certo em relação ao profissional”, destacou.

TRANSFERÊNCIAS FORAM CITADAS POR SECRETÁRIO

As transferências de pacientes foram citadas pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista à CBN Vitória nesta terça-feira (2). Quando questionado sobre a ocupação de leitos na Região Metropolitana, que era próxima dos 90%, e a possibilidade de lockdown quando esse número chegasse aos 91%, o secretário explicou que essa é uma previsão considerando todo o Estado e que, se necessário, pacientes seriam transferidos para hospitais do interior.

“A gente considera no risco extremo 90% da ocupação geral do Estado. Nunca foi regional este indicador. É um indicador estadual. Nós somos um Estado pequeno. Em duas ou três horas você está em qualquer município que é referência para o Covid. Eu consigo garantir o acesso de um paciente da Grande Vitória em Aracruz, ou pegar um paciente em Cachoeiro de Itapemirim e trazer para a Grande Vitória. Somos um Estado pequeno, que consegue ter uma maior capacidade de acesso ao leito hospitalar, diferente se fôssemos MG ou SP, onde teria mais sentido fazer a taxa de ocupação de leitos microrregionalizada. No entanto, a ocupação é estadual”, explicou.

O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista à TV Gazeta nesta quinta-feira (28)
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista à TV Gazeta. (Reprodução / TV Gazeta)

Ainda de acordo com o secretário, mais leitos estão sendo abertos nesta semana e na próxima, o que deve ajustar o indicador de ocupação nos hospitais da rede pública.

“Nós temos um conjunto grande de leitos sendo abertos nesta semana e na próxima. Estão chegando 100 ventiladores. Então, a gente vai conseguindo ajustar o indicador da ocupação hospitalar”, disse.

“UTI NÃO VAI ROMPER A CADEIA DE TRANSMISSÃO”

No entanto, Nésio reforça a necessidade das medidas de distanciamento social, afirmando que UTIs são recursos utilizados para salvar vidas e não para evitar a transmissão da doença. “Nós vamos vencer a epidemia fora da UTI. Lá, nós fazemos a redução de danos, a gente trata de salvar aquela vida que não queremos perder. Só que a UTI não vai romper a cadeia de transmissão da pandemia, não vai fazer gerar o pico da doença”.

O OUTRO LADO

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) garantiu que apenas os pacientes que apresentam um quadro clínico estável são transferidos e que "todas as transferências seguem os protocolos de segurança nas ambulâncias, com adoção de paramentos mais rígidos para os profissionais". "As unidades móveis também são amplamente desinfectadas", garantiu.

A pasta também informou que a capacidade de atendimento está sendo ampliada semanalmente com a abertura de leitos distribuídos em unidades próprias e em contratualização com hospitais filantrópicos e privados. "Hoje, a rede conta com 1.195 leitos SUS, exclusivos para Covid-19, disponíveis para atender a população em todas as regiões do Estado", informou.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais