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Médico desabafa sobre a falta de remédios para intubação no Sul do ES

Médico desabafa sobre a falta de remédios para intubação no Sul do ES

Desabastecimento pode comprometer assistência a pacientes mais graves e que precisam de ventilação mecânica; problema não é restrito à rede pública

Publicado em 13 de abril de 2021 às 20:12

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Marllus Thompson, médico intensivista da UTI Covid no Sul do ES
Marllus Thompson, médico intensivista da UTI Covid no Sul do ES, chama a atenção para a falta de remédios do kit intubação. (Reprodução/TV Gazeta)
Aline Nunes
Repórter de Cotidiano / [email protected]

A falta de medicação para intubar pacientes com a Covid-19 internados em UTIs era um risco iminente no Espírito Santo e, agora, começa a se confirmar. Um médico do Sul do Estado alerta para o problema, já registrado em dois hospitais em que atua na região. O desabastecimento pode comprometer a assistência das pessoas em situação mais grave e que dependem de ventilação mecânica durante o tratamento. 

Coordenador de duas unidades de UTI no Sul do Estado em hospitais filantrópicos, o médico intensivista Marllus Thompson falou, em entrevista para a TV Gazeta, que estão no fim dois tipos de analgésicos - remédios para dor - e um sedativo de segunda linha, considerando que o de primeira linha já não está disponível. 

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É uma situação que falamos há tempos, mas que hoje está atingindo níveis para lá de alarmantes. Crítico já está há algum tempo; agora não tenho nem como descrever. Estão acabando todos os medicamentos que podemos usar para manter os pacientes sedados

Marllus Thompson
Médico intensivista e coordenador de duas unidades de UTI no Sul do Estado em hospitais filantrópicos
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O quadro é tão preocupante que Marllus optou por antecipar traqueotomia - procedimento que abre um orifício no pescoço do paciente para ajudar na respiração - em alguns dos internados.

"Fiz sete agora de manhã, mas de quatro tive que antecipar. Talvez pudesse esperar um pouco mais, mas com a traqueostomia (o orifício) o desconforto é menor, há mais facilidade para acoplar na ventilação mecânica. Não me interessa de quem é a culpa, mas não sei a quem apelar mais. O governo estadual está tentando fazer a sua parte. Não sei se as fábricas têm como atender. A nossa situação é de um nível de estresse absurdo", pontuou.

O próprio governo do Estado havia advertido para o risco de falta de medicação, o chamado kit intubação, porque empresas fornecedoras com as quais havia sido feito contrato não estavam entregando os remédios, sob a alegação de que o Ministério da Saúde havia requisitado todo o estoque. 

Ainda assim, em nota na noite desta terça-feira (13), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que no momento não há desabastecimento de medicamentos para intubação na rede estadual, devido ao cronograma de compras que o Espírito Santo tem estabelecido desde o início da pandemia e às ações judiciais para entregas por parte dos fornecedores, neste momento de dificuldade nacional no fornecimento dos insumos. 

"Esclarece que tem recebido relatos de dificuldades por parte das redes privada e filantrópica, e que, de forma pontual, tem feito empréstimos em alguns casos específicos para garantir a assistência emergencial em algumas unidades, já que a aquisição de medicamentos é de responsabilidade dessas instituições", acrescentou a Sesa, ainda em nota. 

ESTADO GANHA NOVAS AÇÕES

Para conter o problema na rede estadual, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ingressou com 13 ações na Justiça, uma para cada empresa que deixou de cumprir o contrato de fornecimento de medicamentos. Dessas, já havia oito decisões favoráveis, e mais três foram concedidas nesta terça.  Uma das empresas se adiantou à análise judicial e forneceu os remédios e, agora, resta apenas uma decisão a ser proferida pela Justiça. 

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