Um estudo realizado recentemente pela conceituada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, revelou que as crianças podem carregar uma alta carga viral da Covid-19 e podem ser mais contagiosas do que os adultos. O infectologista Lauro Ferreira Pinto comentou, diante desse cenário, sobre o contágio da doença em entrevista concedida ao programa Bom Dia ES, da TV Gazeta.
Na visão do especialista em Infectologia, este quadro pode representar uma necessidade de se discutir ainda mais o retorno às atividades escolares presenciais, visto que demandaria atenção especial aos protocolos sanitários, assim evitando que esse potencial transmissor indicado pelo estudo nas crianças venha a se manifestar, gerando uma nova onda de contágio.
"Tem que ter cuidado com criança. Penso que entra, inclusive, no debate de voltarem às escolas. Mantê-las longe dos colégios é, sim, um problema, provoca prejuízos E é uma situação que uma hora terá de ser resolvida, mas não deixa de ser uma discussão complexa. Quando as aulas retornarem terão de redobrar os cuidados com o controle de transmissão porque elas representam um risco muito grande aos adultos", salienta o médico.
Apesar de o estudo ter sido revelado há poucas semanas, para o infectologista o mesmo não trouxe tanta novidade, pois já existiam indicações de que as crianças poderiam sim possuir uma elevada carga do vírus da Covid-19.
"Esse estudo saiu publicado agora, mas não chega a abordar algo novo. Um estudo semelhante já foi publicado pelo Jornal da Sociedade Médica Americana. Mas sempre se pensou que as crianças tivessem menos receptores do nariz, o que seria uma possibilidade de se infectarem menos. Mas este estudo acompanhou um número não muito grande de crianças, cerca de 48, porém é o maior relacionado a elas. O resultado mostrou que mesmo crianças de pouca idade, sem sintomas como corrimento nasal ou alergia, apresentavam uma carga viral nos dois primeiros anos muito maior que adultos", detalhou.
Apesar dos resultados até certo ponto surpreendentes, o infectologista e a Medicina ainda não conseguem explicar por que mesmo com essa carga viral tão alta as crianças não desenvolvem tanto a doença, mas o estudo indica que não basta rastrear a criança apenas com base em sintomas leves como a febre, por exemplo.
Lauro Ferreira salienta que é necessário o distanciamento e o uso de máscaras em crianças a partir dos dois anos. Caso o contato seja inevitável, o aconselhável é manter uma distância mínima, evitar respirar próximo dos pequenos, evitar abraços e outras formas de aproximação física que possibilitem mais riscos de contágio.
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