O isolamento social é uma das medidas mais eficazes de combate ao novo coronavírus, de acordo com especialistas. Mas o que se tem visto nas últimas semanas é exatamente o contrário: muitas pessoas ignorando as recomendações de distanciamento social. Nesse momento, o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto fez um alerta preocupante: "Ou adquirimos disciplina, ou vamos aprender pelo pior caminho". E para achatar a curva de casos e de mortes pela Covid-19 no Espírito Santo, em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, nesta segunda-feira (4), ele também fez um pedido à população: "Façam mais duas semanas de isolamento".
De acordo com o médico, a sociedade vive hoje uma situação completamente nova. Lauro falou sobre a importância do uso de máscaras e do isolamento social, já que estudos apontam que o vírus é transmitido antes da pessoa apresentar sintomas e adoecer. E, se as pessoas não se conscientizarem disso, o Brasil não irá conseguir inverter a curva. Para o infectologista, manter os comércios fechados é o mais sensato agora.
Lauro ainda explicou que a máscara, apenas, não é garantia de proteção, e enfatizou a importância de usá-la de forma correta e do distanciamento de mais de um metro entre as pessoas.
"Devemos evitar pegar na frente da máscara, evitar falar demais, lembrando que ela dura em média 3 horas ou até menos se a pessoa falar muito. Após o uso, o correto é lavar e, se possível, deixar de molho no cloro. Esse é o novo normal. Até que chegue uma vacina, temos que usar a máscara, lavar as mãos, manter distanciamento e não levar as mãos no rosto. Faço um apelo: em honra aos médicos na linha de frente, aos empregos perdidos, precisamos inverter a curva. Por isso façam mais duas semanas de isolamento que vamos conseguir que esses números diminuam.
Em entrevista ao Fantástico neste domingo (4), o engenheiro Maurício Féo, que faz doutorado no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, em Genebra, na Suíça, contou que acompanha os números do Brasil e que a quantidade de desinformação que tem visto na internet o motivou a fazer vídeos mostrando que o isolamento dá resultado
"A quarentena surte efeito. Até os primeiros 1.500 casos no Brasil a epidemia se comportou de forma exponencial. Se acompanharmos em escala logarítmica, vemos que ele segue em uma reta, íngreme. É possível ver que em determinado momento ela parou de seguir a curva de exponencial e freou, começando outra tendência, depois freou mais ainda, seguindo uma linha bem menos ingrime", contou.
De acordo com ele, o que fez a diferença foi o distanciamento social em diversas cidades do Brasil. Se isso não tivesse acontecido, a linha de crescimento poderia ser igual a dos Estados Unidos, que custou a implementar essas medidas e já passou das 70 mil mortes.
"Dos 100 casos até os 1.600, os Estados Unidos seguiram uma linha íngreme. Depois da nossa implementação da quarentena, os norte-americanos não implementaram nenhuma medida de contenção e número deles continuou subindo", explicou.
Já Eduardo Massad, que é médico e matemático, afirmou ao Fantástico que acompanha diariamente o número de casos no Brasil e projeta o ritmo de crescimento da pandemia. Segundo ele, houve uma diminuição significativa dos casos justamente por conta do distanciamento social. Mas esses números podem mudar rapidamente caso haja uma flexibilização.
"Estamos tendo uma diminuição por conta do distanciamento social e a diferença em relação ao crescimento exponencial inicial é muito grande. Não só do número de casos, mas principalmente do número de mortos", explicou, completando que senão houvesse nenhum distanciamento, a projeção inicial era de 300 mil mortes. Mas ele alega que o relaxamento do distanciamento social, muda a realidade muito rápido e pode disparar o número de mortos.
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