Após três semanas de internação, o cardiologista Osveraldo de Azevedo Salgado faleceu na manhã deste domingo (7). Aos 81 anos, ele é mais um profissional da saúde que morreu em decorrência da Covid-19. A doença já havia provocado a morte de seu filho caçula, um dia depois de o médico ser levado para um hospital particular de Vitória.
Muito abalado ao telefone, o primogênito Gustavo dos Santos Salgado confirmou que o óbito aconteceu por volta das 8h30. "Ele foi internado no dia 14 de fevereiro. No dia seguinte precisou ir para a UTI e, no outro, já foi intubado", contou, ressaltando que o pai era também um grande profissional.
Natural de Campos dos Goytacazes (RJ), Osveraldo Salgado se formou em medicina na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 1971, e morava em Jardim Camburi, na Capital. "Ele também amava esportes, principalmente futebol. Era torcedor do Vasco", lembrou o filho mais velho.
Casado há 48 anos com Miryam dos Santos Salgado, ele teve três filhos – dos quais um também morreu no dia 15 de fevereiro, após ser infectado pelo novo coronavírus. "Na semana anterior à internação, ele não foi trabalhar justamente porque o caçula tinha pegado a Covid-19", contou Gustavo.
Para o filho, a dor da perda se tornou ainda maior pela proximidade da vacina. "Meu pai já tinha tomado a primeira dose da vacina de Oxford na Santa Casa, onde ele trabalhava no ambulatório de risco cirúrgico, no finalzinho de janeiro", desabafou. O imunizante precisa da segunda dose para ser eficaz.
Osveraldo de Azevedo Santos deixa a esposa e um casal de filhos. O enterro acontecerá nesta segunda-feira (8), no Cemitério Jardim da Paz, em Laranjeiras, na Serra.
Apenas neste final de semana, outros dois médicos morreram em decorrência da Covid-19: Rose Mary Brandão Alves Matias e Jackson Fernando Jaques. Ambos foram lembrados em publicações feitas pelo Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) nas redes sociais.
Presidente da entidade, Celso Murad lamentou as perdas e demonstrou preocupação com o atual momento da pandemia. "Só nesta semana, faleceram três médicos. Nós temos vários que também lutam contra o coronavírus. Isso nos preocupa muito, estamos em uma onda extremamente grave", comentou.
"O nosso sistema de saúde já está exausto, do ponto de vista material e humano. Todo mundo está cansado de tanto trabalhar. Acho que se esse agravamento persistir, temos que pensar em fazer um treinamento específico para aumentar a mão de obra, que é relativamente pequena", analisou.
Neste domingo (7), o Espírito Santo chegou à marca de 6.552 óbitos da pandemia e mais de 334 mil casos confirmados. Apenas nas últimas 24 horas, foram registradas 14 mortes e 673 diagnósticos positivos. Os dados são do Painel Covid-19, atualizado diariamente pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
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